A Garganta da Serpente

Anna Jacinta

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

QUERO SER AREIA

Não quis provar da fonte de águas tão límpidas
Que ali brotava
Serena em saltitantes borbulhas geladas
Preferi olhar a areia que ali se agitava
Alva e clara
Há tanto tempo brincando
Brincando com a água, com os peixes, com as algas,
Algumas vezes pisoteada, esquecida, ignorada,
Vão ali por causa das águas
Mas sem a areia que tudo sustenta
Não haveria lago
Seria queda d´água
E no lugar da areia
Lá no alto dançaria o arco-íris
Como serpente tortuosa e brilhante
A balouçar-se entre as samambaias
Alpinistas do barranco
Preferi beijar o solo
Sentir a terra
Construir castelos
Que mesmo sendo de areia
Permitiram modelar sonhos
Tocar o infinito
Sorrir para a alma
Enquanto a garça pesca
Despercebida
Atenta apenas ao zig-zag dos peixes.


(Anna Jacinta)


voltar última atualização: 19/01/2011
10188 visitas desde 27/09/2010

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente