A Garganta da Serpente
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ASSIM A SALA FICA VAZIA
E A VIDA VAZIA COMO A SALA

Cabide de historias é o que sou
Sempre levo comigo o mais bonito das pessoas, os sorrisos
São eles que na perversa solidão acompanham o poeta
Os sorrisos são os últimos a irem embora depois que todo mundo vai.

Assim a sala fica vazia
E a vida vazia como a sala
A loucura de tudo então é querer procurar no tempo o que não está mais lá
Deseje reconstruir sua sala e sinta quantos retratos faltam nas paredes?
Então descobriras que o vazio agora mora, vaga em ti.

Saudade, somente sente a árvore que perde o galho
Que a dor da raiz, do ventre, da bala que atravessa o peito
É a mesma dor do coração
Que sem poder chorar bate, para abrir uma porta
Que abre na vida apenas duas vezes:
Na hora do amor e da morte .

Como é que chora teu coração quando alguém corta seu galho
Arvore homem?
Quando no final somente resta uma sala, um canto, um segundo
Para descobrir que o importante, o mágico desenhar da vida é o instante
Um mar turbilhão que é Deus soprando em teus surdos ouvidos:
Veja só, eu que sou o cabide da história que um dia será você.

Um poeta que tende deixar ao mundo de herança
Apenas o seu já inútil óculos, seu intimo copo e seus órfãos poemas
Assim a sala fica vazia
E a vida vazia como a sala...


(Anísio Lana)


voltar última atualização: 30/10/2006
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