QUANDO UMA MULHER SE DESPE
Rediz que aqui adormecem minhas lágrimas
Eterno, porém, é somente o papel
Quisesse o tempo que eu não dissesse
Que até o amor tem fim.
Somente Deus sabe como dói tal dor
O dolorido, solitário vazio de descobrir a imperfeição
de sua obra
Criador o poeta (do poema/poesia) por mais que possa negar, por mais que possa
querer
Sabe que o amor por mais perfeito que seja
Não suporta o delicado quebrar do coração.
Por alguns segundos o chão desaparece
Os sonhos de menina voltam todos para o diário
Quantos diários são marcados por sonhos e lágrimas.
Sabe menina, amar é padecer entre flores e espinhos
É aquele seu desejo tão esperado sendo revelado
Mais será que o seu amor saberá tocar seu coração
com a mesma intensidade que toca teu corpo?
Serão os beijos dele somente de teus lábios e jamais de tua alma?
Poderá desejar-te com os olhos, te seduzir com palavras e depois te amar
na tua límpida nudez?
Será que ele não pensa que quando uma mulher se despe
Ela retira sua alma e se entrega para ser amada, tocada, como se seus dedos
ao tocar sua pele tivessem o poder de abrir o seu peito, decifrar todos os segredos
E por chegar tão perto brutalmente desmanchar o frágil cristal.
Quando quebrarem o seu cristal
Ainda existiram os diários
E em alguma página dele
O seu grande amor.
Rediz
Quisesse o tempo que eu não dissesse
Somente saberá amar verdadeiramente quem souber despir sua alma
Correndo o risco de quebrar o cristal
Que por fim dará sentido a existência das lágrimas...
(Anísio Lana)
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