Tristeza
Cantarei agora aos céus em homenagem a ti, minha princesa;
Que as musas estejam comigo e ajudem-me a louvar-te, tristeza;
Relação eterna de ódio e amor;
Sem ti, como sentiríamos a ventura de chorar?
Diga-me, ó sentimento pungente e avassalador,
Porquê sempre tornas a voltar? no entanto,
Como seria a vida sem teu negro manto?
Apenas uma sucessão de momentos sem valor;
Pois tu és a medida de valor da vida;
Tu, tristeza, és minha companheira e amiga.
De onde tiraria forças suficientes,
Para escrever este triste poema,
Se não estivesse agora com o coração quente
E completamente tomado por ti, tristeza?
És a dádiva e a desgraça de todos os grandes gênios;
És lúgubre e és luz...
Amo-te, odeio-te, minha cara tristeza,
Minha dádiva e minha desgraça,
Minha vida e minha morte.
(André Espínola)
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