A Garganta da Serpente

André Espínola

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Ciclo Amoroso

E o amor assim acaba,
Foi-se para o esgoto,
Que profunda tristeza!
Mas tenha calma!
Resta ainda a certeza
De encontrar um outro
Amor de extrema beleza;

Para delirar de gozo
Sentir-se feliz
Com o calor
Que emana, sem fim,
De todo seu corpo;
São estes os prazeres do amor
Que nessa hora sentimos
Sem qualquer esforço

Para um belo dia
Acabar de novo,
Ir-se para o famoso esgoto,
E na triste despedida,
Sentir uma afiada agulha
Furar levemente o coração,
E passar um tempo em tortura
Na convivência com a solidão.

É o tempo necessário
Para se recompor
Das fortes emoções sentidas;
Daí eu exclamo - Ó coitado! -
Pois nasce a ridícula esperança
De reencontrar o amor,
Para que na triste despedida
Gritar e chorar com ardor!

E recomeça tudo lentamente
Até nos matar de saudade;
Já o disse uma vez aqui,
E vale a pena dizê-lo novamente:
O sentido das coisas está no seu fim,
E no seu fim, está o recomeço,
E na minha solidão somente,
Eu permaneço.

Eis o Ciclo Amoroso,
O Eterno Retorno.


(André Espínola)


voltar última atualização: 18/12/2006
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