Ciclo Amoroso
E o amor assim acaba,
Foi-se para o esgoto,
Que profunda tristeza!
Mas tenha calma!
Resta ainda a certeza
De encontrar um outro
Amor de extrema beleza;
Para delirar de gozo
Sentir-se feliz
Com o calor
Que emana, sem fim,
De todo seu corpo;
São estes os prazeres do amor
Que nessa hora sentimos
Sem qualquer esforço
Para um belo dia
Acabar de novo,
Ir-se para o famoso esgoto,
E na triste despedida,
Sentir uma afiada agulha
Furar levemente o coração,
E passar um tempo em tortura
Na convivência com a solidão.
É o tempo necessário
Para se recompor
Das fortes emoções sentidas;
Daí eu exclamo - Ó coitado! -
Pois nasce a ridícula esperança
De reencontrar o amor,
Para que na triste despedida
Gritar e chorar com ardor!
E recomeça tudo lentamente
Até nos matar de saudade;
Já o disse uma vez aqui,
E vale a pena dizê-lo novamente:
O sentido das coisas está no seu fim,
E no seu fim, está o recomeço,
E na minha solidão somente,
Eu permaneço.
Eis o Ciclo Amoroso,
O Eterno Retorno.
(André Espínola)
|