A Garganta da Serpente

André Jerico

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- mãe olha são paulo no chão!

quando criança
eu vi são paulo quadriculado
em pedra bruta, talvez lascada
em pedra escura, outras mais claras
eram várias são paulos entabuladas

são paulo preta, são paulo branca
são paulo branca, são paulo preta

eu vi são paulo achicletada
alí são paulo empipocada
cheirei são paulo toda vomitada
vem ver são paulo sub-rimada

são paulo branca, são paulo preta
são paulo preta, são paulo branca

era um estado ali no chão
era um chão num novo estado
não era líquida, tão pouco sólida
era são paulo um tanto esdrúxula

são paulo preta, são paulo branca
são paulo branca, são paulo preta

é fashion week de pés calçados
e chapa ácida dos mais descalços
é são vitrô dos esgotos clássicos
a clássica merda de vidro cínico

são paulo branca, são paulo preta
são paulo preta, são paulo branca

são pitbulls mais do que humanos
são japa-árabes-italianos
são uais-ués-oxi-tchês e outros bichanos
são minicús e maxitabús aurelianos


são pés, pós, prés, prós e pus
são baianos, paraibanos e tantos anús
são paulos, marias, josés e manús
são santos diabos, diabos e santos nús

são tantos
são tantos
são tantos
são tantos
são tantos
são tantos
são tantos
são tantos


(André Jerico)


voltar última atualização: 01/12/2008
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