A Garganta da Serpente

Andre Hideki Ivano

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

AURORA

Nasci morto do ventre de minha mãe.
Não consigo dizer que a alegria me contagia
E eclode violentamente das minhas feições.
Honesto, posso ser assim sem rima.

Ah! Bendita criança sabida,
Que usa suas brincadeiras
Para alegrar o idoso sem vida.
Sim? Pode ser mentira
Essa gratuita complacência
Que finda a sina?

Uni-vos Primeira e Terceira Pessoa
Para formar um ser único,
Completo, e que assim ressoa
Nos confins desse mar sem mundo.

O jornal cotidiano
Revela a destruição
Das coisas belas,
E esquece dos anos
Em que o coração
Era maravilha incerta.

Quero o verbo que move as almas.
Estou cansado dessa vida
Que traz efêmeras alegrias.
O adjeto constrói o nada.

O inverno dos leves pensamentos
Logo fica entre as lembranças
Do velho crepúsculo ardente;
Aurora nos olhos daquela criança.


(Andre Hideki Ivano)


voltar última atualização: 07/03/2001
6862 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente