AURORA
Nasci morto do ventre de minha mãe.
Não consigo dizer que a alegria me contagia
E eclode violentamente das minhas feições.
Honesto, posso ser assim sem rima.
Ah! Bendita criança sabida,
Que usa suas brincadeiras
Para alegrar o idoso sem vida.
Sim? Pode ser mentira
Essa gratuita complacência
Que finda a sina?
Uni-vos Primeira e Terceira Pessoa
Para formar um ser único,
Completo, e que assim ressoa
Nos confins desse mar sem mundo.
O jornal cotidiano
Revela a destruição
Das coisas belas,
E esquece dos anos
Em que o coração
Era maravilha incerta.
Quero o verbo que move as almas.
Estou cansado dessa vida
Que traz efêmeras alegrias.
O adjeto constrói o nada.
O inverno dos leves pensamentos
Logo fica entre as lembranças
Do velho crepúsculo ardente;
Aurora nos olhos daquela criança.
(Andre Hideki Ivano)
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