A Garganta da Serpente

Andréia Alves

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Alter-ego

Eu criei a morte
A morte me serve
Porque exalo o cheiro de morte
Eu criei a escuridão e o temor
Tirei o sangue dos inocentes
E dei o poder de vitória aos soberanos da guerra,
Dei-lhes a imortalidade da história,
Encontrei-os entre as crianças do mundo.

Eu sou o deus da ambição
Tenho a força do ódio
E a missão de lhes enviar a violência.
Separar a emoção da alma
E levar-te a supremacia dos vitoriosos.

Meus calçados são feitos
Com as peles dos fracos.
Meu chão com os corações dos covardes.

Eu sou a glória do horror,
O príncipe da noite.
Eu sou o maior pesadelo dos que vivem de joelhos
E a ascensão dos corruptos.
A angústia dos traidores
E o fim dos que não temem a mim.
Eu sou a ira dos perdedores
E a fúria da natureza
Decido seu surgimento
E ordeno sua derrubada.

Eu sou o término da paz,
E o cálice da vida impura.
A perversidade dos homens
E a crueldade dos corações
Eu sou seu fim
Eu sou a mão que sustenta a vingança
E as pedras do caminho
A dor da solidão.

Eu sou a felicidade do assassino
E a libido do estuprador,
O sorriso dos maníacos.
O encontro entre a luz e as trevas.
Eu criei aquele olhar frio
Que você já viu em mim.

Eu sou o fruto que vocês semearam...


(Andréia Alves)


voltar última atualização: 19/09/2006
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