Silencio
Veio como do nada.
Volta para o não-ser
Voz imunda, voz pútrida.
Só conhece o teu mundo.
E o silêncio perfeito,
De alvas almas,
Espíritos puros,
Eternamente pervertidos
Por palavras maculadas.
Rogo a Deus por perdão,
Oro, grito aos céus!
E então...
Silêncio...
Meu corpo débil, invólucro
De verdade estilhaçada.
Queima por aquelas palavras
quando ecos ainda restam
de sentenças anunciadas.
Fragilizado, cansado,
O desespero me alcança.
Uma vez quebrado,
Com vazias palavras,
O silêncio corta,
Pulsos e laços,
Que sangram comigo.
E deixam na pele seus traços.
E então...
Silencio...
A culpa, desgraçada,
Queima no meu peito,
Lacerado, carbonizado,
E então, a voz que trago
Em minha cabeça,
Ecoa ainda, e por ela
Padeço...
Meu silêncio, meu silício.
Em alma já flagelada,
O suplício.
À vida atormentada, um fim.
O suicídio.
E então cessará a voz
A me atormentar.
E deixar-me-á, enfim,
E para sempre,
Silenciar.
(Andre de Lemos)
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