FLORITURA
I - PLENILÚNIO
É preciso
que
existam
alfinetes
e
seixos
opressões longínquas
o olho do pássaro
torna-se
amêndoa
o
menino
sorri
na
claridade
triste e comovente da
estação
A sombra de todos os
mundos contrai-se,
deliciosa e vazia,
no abatjour
ombros são como
dois pães
abandonados
sob a toalha vermelha
Rosto ameno
quase de uma beleza
tácita
-
aquela que simplesmente
exige
II - ARANCIA
As luzes
se apagam
lentas
e lúbricas
como
se olhos
fossem
de improváveis
feras
Para onde agora, que
o caminho é sem fim ?
Gosto de tâmaras azuis
Para onde agora, que
o caminho é sem fim ?
lençóis conservam
ainda a
loquacidade de conversas cansadas
e alegres, oh majestades inflexíveis
!
Para onde agora, que
o caminho é sem fim ?
terras já tristes e cáusticas convidam
teus alumbramentos a folgar
Para onde agora, que
o
caminho é sem fim ?
(Poemas do livro "Lentus in Umbra")
(Andityas Soares de Moura)
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