A Garganta da Serpente

Anderson Fabiano

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Eu e um outro de mim

Varei a vida
Buscando o amor,
Querendo ser amado.
Me doando em paixões,
Poesias, orgasmos.
Hoje, meio gauche,
É verdade,
Sinto que venci.
Vitória sem festa,
Sem discursos
Ou beijos suados
Troféu repartido
Com um outro de mim.

Maratonista das emoções
Sinto a brisa da chegada
Relando minha alma,
Emprestando um sorriso
Na cara marcada pelo tempo.
Gritos de incentivo
Aplausos anônimos
Amantes sem nome
Premiam minha angústia.

Dores silenciosas
Foram lágrimas em alguns,
Solidões pesadas
Anunciaram liberdades
Quando quebrei as cascas
Dos ovos internos
E as letras ganharam
O espaço.

Mostrei o amor aos incrédulos
Ao proclamar meus silêncios.
Estimulei paixões
A partir dos meus vazios.
Vi muitas de minhas amadas
Em braços trocados.
Bocas sem face
Receberam meus beijos,
Corpos gozaram meus sonhos
E arrulham felizes,
Minhas palavras.

Personagens desorientados
Se chocam no palco.
Memórias em colapso,
Perderam as referências.
Paredes nuas, camas vazias,
Lençóis alinhados,
Abraços ocos...
Pago com a dor do homem
A vitória do poeta,
Aquele outro de mim.


(Anderson Fabiano)


voltar última atualização: 31/03/2009
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