A Garganta da Serpente

Anderson Fabiano

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Silêncio

(Pensando em Billie Holliday)

Encontro árvores
Centenárias
Roubando a luz
Que não me chega mais
Bem aqui, na cabeça.

Corpos pendem, como frutas
Estranhas frutas
Fossilizadas
Pela memória
Que escapa entre dedos.

Sacudo árvores
Solenes, imóveis
Na esperança
Tola e vã,
De rever o azul.

Folhas poucas
Premiam o esforço
Despencam como neve
Resvalam na face
Incrédula
E se vão na brisa.

Ficam a impotência,
O medo,
A ausência do depois
E a desserventia
Da alma aturdida.

Água benta dos olhos
Sulca a essência
Arde no peito
E um eco surdo
Se faz resposta.

Nenhum sorriso
Ou olhar
Ou gemido
Ou palavra
Cai da árvore.


(Anderson Fabiano)


voltar última atualização: 31/03/2009
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