A Garganta da Serpente

Anderson Fabiano

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Simples demais

Você me quer simples.
Quão simples?
Simples como um beijo?
Lábios que se tocam
Revelando essências
Que as palavras não confessam?

Simples como mãos de poeta?
Que abandonam
A pena e a rima
Para desenhar seu rosto
Com a ponta dos dedos
Num afago sem fim?

Simples como tesão tântrico?
Que abre mão do toque profano
Para em olhares e pensares
Dispensar a carne
E flutuar em orgasmos
Sem cheiros e formas?

Você me quer simples.
Mas, quão simples?
Simples como o amor?
Duas pessoas que se elegem
Para entrelaçar suas almas
E serem uma só?

Não amor,
Não posso ser esse simples.
Não quero ser menos
Que, ao menos, amante.
Não quero partilhar sua viagem
Que busca meus desvios
Para não se permitir amada.

Não devo ser menos
Que, ao menos, eu mesmo.
Sua inquietude não viu,
Mas, diante de você,
Sou apenas o que restou
De outros tantos desamores.

Não posso ser mais simples
Que o simples resto de mim.


(Anderson Fabiano)


voltar última atualização: 31/03/2009
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