A Garganta da Serpente

Antônio Carlos Tórtoro

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SIDERAL

No chão, o barro,
a umidade,
o cheiro forte da chuva
e as bolinhas de gude
de uma infância feliz
que preservar não pude.

No ar, o frio,
a tristeza,
a cor escura do dia
e a fantasia de um universo
composto de um espectro a se reproduzir,
num espaço sideral limitado,
de vibrações a transluzir.


No meu fitar deslumbrado,
a escuridão,
só a dor de um arrepio
e o desvario de um cosmos
composto por esferas incandescentes,
de corpos que se aglutinam
reluzentes, envolventes,
cuja beleza mentalmente surrupio.

No céu de nuvens refletidas,
o nada, da hora nona da paixão,
uma sensação de solidão,
um orgasmo silencioso
que mexe com o coração,
numa composição complexa
reflexa,
carregada de íntima emoção.

No horizonte com o sol,
uma nesga de esperança
em infinito arco-íris esférico
que ilumina o chão,
o ar, folhas secas de um pomar,
as nuvens no veludo negro cósmico,
e o meu olhar.


(Antônio Carlos Tórtoro)


voltar última atualização: 07/08/2007
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