A Garganta da Serpente

Antônio Carlos Tórtoro

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ELAS PODEM TUDO...

Elas podem tudo,
tudo podem,
desde que o amor sirva de escudo:
Lavar, passar, cozinhar, cuidar das crianças.
Elas podem, de vez em quando,
sem fazer disso um dilema,
ir à feira, ao supermercado,
ou até se prostituir
na vida real ou no cinema.

Elas podem tudo,
tudo podem,
desde que solidariedade sirva de escudo:
trabalhar fora de casa, na roça,
gerenciar empresas,
dar aulas, fazer política,
promover sarabalho,
empresariar eventos,
concorrendo com os homens
no mercado de trabalho.

Elas podem tudo,
tudo podem,
desde que o carinho sirva de escudo:
rezar pelos filhos e marido,
chorar por eles,
brigar por direitos,
passar as noites acordadas,
desesperadas, tentar poupar das dores
vidas alheias de entes queridos,
serem amadas por homens de outros amores.

Elas podem tudo,
tudo podem,
desde que a fé sirva de escudo:
ir para o céu, conversar com a Virgem,
e sob o véu "protetor"
das massacrantes atividades diárias,
santificar-se, com santos fazer arranjos,
misticamente deixar-se envolver,
ou serem anjos.

Elas podem tudo,
tudo podem,
desde que os sonhos sirvam de escudo:
serem luas, estrelas,
sóis, nebulosas, constelações,
podem pisar e abusar da TPM,
arranjar complicações.

Elas podem tudo,
elas só não podem deixar os homens,
pobres homens,
que sem mulheres não são ninguém,
que pensam que tudo podem,
mas, na realidade,
e ao final das contas,
só podem dizer... amém!


(Antônio Carlos Tórtoro)


voltar última atualização: 07/08/2007
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