A Garganta da Serpente

Ana Maria

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Vozes

Fala homem! Fala
Fala das rosas
Do buquê não entregue

Fale-me de amor
E lhe mostrarei e tênue separação entre ele e a paixão fugidia
Fale-me das madrugadas esperando um sinal
Das lágrimas, dos suspiros e dos ciúmes
Fale me da saudade e lhe falarei do amor nunca vivido.
Das rimas banhadas de lágrimas
Do lugar vazio a mesa

Fala homem!
Do céu que fugiu do teu olhar
Das rezas de fé nunca recitadas
Lhe falarei então do profeta, dos quarenta dias de agonia e mais tarde a
cruz.
Fale-me de amor e de redenção
Pois trago no coração o sonho e flores murchas nas mãos
Olho o horizonte incerto
O caminho aberto
E névoa...
Fala da criança na rede...

Do perfume das tardes
Da palavra vazia que afoga a idéia
E do inferno que quanto mais foges
Mais a ele chega
Fala de seu coração despedaçado
Do fogo em diamante aprisionado
Visão torpe de emoções não vividas
Paixão talvez...
E lhe contarei que é esse sentimento amotinador que move todas as forças do
mundo
Que é esse sentimento tão belo que motiva grandes batalhas
Que inspira e morte e cria heróis

Fala homem!
Fala porque tua voz calará a dor
Fala do sorriso fugidio
Da mulata na janela

Fale do amor vivido e do amor sofrido
Se não falar...
Por Deus!
Escreva!...

Fale - me de amor agora
Antes que a solidão me transforme em poeta...


(Ana Maria)


voltar última atualização: 05/11/2007
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