TAUROMAQUIA
No oco da boca
paira um segredo mal guardado,
embotado pela fêmea
que o habita.
Vórtice semi-cerrado de dentes e lábios,
magna fenda
de um universo a ser tragado,
deglutido
e novamente soerguido,
a boca regurgita.
Mas a quem caberá o jorro do abate?
Quem vai preparar a ceia do ocaso?
No oco da boca
crescem flores de fogo,
mas no fundo do olho
permanece a menina
alheia
e em chamas
uma
menina que grita.
(inspirado no livro "Espelho da Tauromaquia" de Michel
Leiris)
(Ana Maria Ramiro)
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