A Garganta da Serpente

Ana Maria Ramiro

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FÊNIX

A gota era o tédio
e uma pomba estúpida e manca
precipitou-se sobre ela,
uma pomba-cuco exangüe,
sorveu-a milimétrica,
essa gota de sangue.

A gota era o escarro
de um poeta
torpe, nu e demente
e esse escarro ulcerado,
desprezado pela boca doente
foi salvar a pomba exangüe,
deu vida ao membro dormente.

E ela alçou vôo,
indo unir-se a outras tantas...

Numa triste agonia,
o poeta resta só
e olha, senão por instante,
o pássaro que partia,
mas o sol ofusca-lhe os olhos
por olhar assim tão distante.


(Ana Maria Ramiro)


voltar última atualização: 13/02/2006
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