Beleza sentida
Um jeito assim tão simplório,
Num semblante cômodo - Porém sem desleixo -,
É como um espiral de mistério
a girar em torno de um eixo.
Assim que a vejo a contemplar o seu jeito.
É bela porque é.
Fatal por não saber.
Forte por não perecer
E singular por não conceber.
Bela... Por apenas ser.
Devei... Contudo sem saber,
Imutável permanecer.
O expectador... Há de se ater,
A beleza orgânica do teu ser.
O observador... De um transe acometer.
Quando este perceber
Que a fenda no cotidiano inócuo,
Deu espaço formando um vácuo,
Pro teu absoluto resplandecer.
O poeta... Inspirado ao te ler,
Transpõe a barreira do nosso viver.
E numa viagem sem volta ao transcender,
Alcança o nirvana sem merecer.
Confrontar a emoção e o analítico de um ser,
É imprescindível condição para o amor florescer.
E na batalha épica entre O Querer e O Não Ter,
A clássica sofreguidão poética atinge forte o meu ser
Apunhalando-me este sofrido descrever:
Um amor que jamais hei de ter.
(Amarildo Barreto de Almeida)
|