domingo
Passo
discrimino sim tua longitude
inércia ensolarada
foda-se prometida manhã com pretensões de graça
sou gato miando na ponta da escada
rasgando papéis desbotados, manchas e gotas
resvalo pra minha própria imensidão
Ah que maravilha essa cama- A
deito na insônia de um blues atordoado
me conheces... sou danada
sigo acelerando na estrada
hoje deusa, magnificência é para doidos desvalidos
inaptos inconcretos arroubos das esquinas
para glitters da redenção, para posers
Tenho um dicionário de cabeça para baixo, invertido, sujo, petulante
o tal corpo arquejante, a veias finas e oscilantes
longe da propina do olhar
vomito nas outras alheias banais intenções
resvalo pra minha cama, soturna, quase branca de tão clara essa duna
de travesseiros, de cheiros, cheios, vazios, vazados aquários da imaginação
há um rombo de riso na minha fronte
vamos lá deusa, me demonstre
que não sou insana, nem santa, nem puta, quanto mais profana
me jogue na cara verdades absurdas, venha assim toda resoluta
satisfaça minha cara de zombaria com sua inerente teimosia
um duplo?
dose dupla, sem gelo, sem vapor, sem espuma nessa merda por favor
ei deusa, somos fracos, no máximo dadinhos entre os dedos da sorte e
as malícias do azar
talvez duas oriundas da mesma cidade, baixa, suja, anárquica, romancesca,
romanciada por verbos e etílicos
amantes de idéias, fatos, de abstratos e substratos, mente
mente? ah não deusa, a cama é tão ampla e serena, sem pensamentos,
devaneios são tão mais atraentes
você lê e ama, lê e reclama, e ri, muito és múltipla
para teres um duplo
te concentras no teu concreto absurdo, no mapa letrado que se espalha pelo apartamento
da tua mente
(Amarello)
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