A Garganta da Serpente

Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A LAGARTIXA

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.


(Álvares de Azevedo)


voltar última atualização: 10/05/2017
27165 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente