A Garganta da Serpente

Aluisio Martins

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Entre o gosto e o desgosto

Gosto de gostar quem quer que eu lhe goste
Não sou dado a gostar de poste, meu bem
Você que faz muito pouco do muito bem que lhe quero
Teu andar de planta não espero, viu?
Nem me viro pro seu assobio fino
Porque sei do teu espinho, minha flor
Tão disposto de carinho para você
Teu amor, meu amor, me dá desgosto
E não brigo por amor sem gosto
Nem por posto que não mereço
Toda promessa tem seu preço
Deixa-me que eu te esqueço, nada peça
Mas peço, me despeça logo, sem dó
Quando choro, choro só, trancado
Colando o sonho referido, todo trincado
Para abrir, um dia, a tranca
As asas que o novo amor levanta
E daí, lá de cima, na baixa a menina anda
guarda meu amor nos dentes marfim, amor exposto
Amor que me dá muito gosto de gostar
Desse amor eu gosto muito do gosto
Dessa carne, chupo o osso
Dessa fruta, como até o caroço


(Aluisio Martins)


voltar última atualização: 26/07/2000
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