Dual
é dual o abraço que te espera
vem da fera besta ensandecida
que dilacerava as eras
sobe um monte verde que transforma
veste a cinta firme
que transtorna
desola
e oculta
a sede venenosa da serpente
que se enrola
em manto inofensivo de cordeiro
precisa alinhar
o bailar das borboletas
com a linha do horizonte
fazendo-se fera adormecida
domada
dual
de um sacrifício maior que a beleza do crepúsculo
desiste
baixa a cabeça às circunstâncias
num polido abraço
dual
sofrido, mas dual
porque do alto.
(Aline Aimée)
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