A Garganta da Serpente

Alexandre Halfeld

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CLUBE DA LUTA

Nossos armistícios,
conluios Judas convictos,
trinta moedas e poucos afetos,
invólucros sujos, vidas vazias,
futuras tocaias falsamente contidas,
guerra brutal, batalha que se avizinha.

Articuladas rinhas,
imperiosos conflitos,
atritos, elmos artríticos
ostentando reluzentes afiadas facas,
apoio irrestrito das amargas duras falas,
por onde quase tudo do todo que se faz,
aparecem sempre dois gumes comparsas,
induzindo aos perigosos abraços de tamanduá.

Braços quentes,
brados incríveis,
línguas de serpente,
rosnados bafos sofríveis,
caninos peçonha gente,
lixos, ofensas, litígios,
arsenal arrepiante, sangues frios.

Duro espetáculo,
Armagedom justificado,
fêmea, macho, siamês queda de braço,
crônica cindida, opus guerra perdida.

Culpas?
carícia das lutas,
quando espumantes bocas,
vociferam impropriedades tolas,
espelhando o lado podre dos gostos,
humanos desgostos, casa dos loucos.

Na oratória,
orfandade, infeliz trajetória.
Articulando deuses, mãos sem palmatória,
variedades "mea culpa "viciadas, a plenos brônquios,
represadas nas providenciais mamadeiras de antidistônicos.


(Alexandre Halfeld)


voltar última atualização: 13/03/2007
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