A Garganta da Serpente

Alexandre Halfeld

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SOMOS CULPADOS

Fragorosos ranços etiquetados,
paisanos ou fardados
torturam ad eternum,
virgens, olhos estuprados,
nas entranhas dos seus cacos,
ofertando para os males dos frutos,
uma inflexível partilha.
A de um céu constelado,
eternamente nublado,
orientado por supostos imortais,
perfazendo às vezes de anjos ou canibais.

Na teia,
Uma circunferência sinuosa,
Volta raivosa ao tortuoso ponto de partida.

A par deste colapso,
os fatos . . . ardis sorrateiros,
fecundos embusteiros,
acusando solenemente os cegos de malignos,
por não tatearem os próprios umbigos,
na procura de seus estarrecedores epicentros.

Por analogia, destes mutismos.
Os trismos como seqüelas,
nestas virgens sociais esfoladas,
roupas velhas comidas pelas traças,
tranças-tramas cidades porteiras de favelas.

Para um público politicamente engessado correto,
televisão,onanismo e concreto, por onde,
esganiçados apresentadores vomitam os dissabores,
pura sanha por pontos, disputando febrilmente os horrores.

Abaixo da linha de pobreza,
A Veneza vencida . . . dos canais abertos, encardidos esgotos.
Com seus indisfarçáveis gandulas de gélidos rostos,
traficando, trafegando estancados da vida . . . poluída,
muito antes de nascerem.

Com certeza ao sabor dos ventos, receberam ensinamentos,
defecados por exemplos . . . que vem de cima,
servindo somente para formalizarem as lembranças,
de quem desde cedo aprendeu com a vida,
as mais insólitas barganhas,
façanhas . . . do bem e do mal.

Sim! Assim são preparados.
Imolados nas arritmias das sociais fobias,
por nossa insensibilidade ao darmos de ombro,
para problemas escombros, que não são sonhos.
Mas, pesadelos, nos pesados dedos, artelhos,
dos que têm raiva revidando nas caras
ou por dentro feridos apertando gatilhos.

O visto?
A nossa sociedade,
marca da maldade,
introjectada num narcisismo,
de nariz tão empinado, pescoço extenuado,
tornando as quedas rotineiras nos fatídicos precipícios.

Mas, como reeducar?
Se, no contexto,
certos colarinhos brancos, vão se safar,
porque no histórico de alguns Juízes,
graves crimes como os de lesa Pátria,
as sentenças não existem.

Enquanto outros . . .
Vaidosos sonoplastas nos estrondos dos martelos,
provocam ácidos alvoroços com veredictos absurdos,
nos pequenos roubos e furtos.

Urge a hora de pensarmos,
repensarmos,
afrouxando os laços que viraram nós,
puídos cós . . . das roupas sujas mal lavadas,
impregnadas de medos, por promovermos desgastes,
dos que vivem nos desastres das vidas sem apartes.

Basta! Deveria ser a ordem de todos os dias,
nas mentiras destas oligarquias feitoras de cadáveres.
Faltam decisões honestas que as enquadrem.

Como deve ser horrível ser regido,comprimido,
ofendido constantemente por verves peçonhentas,
oriundas de línguas bífidas cruentas,
que captam o calor dos perseguidos,
dando botes certeiros aos sons de seus guizos,
nos entupidos de pavor, presos que estão,
dentro dos ninhos de suarentos ofídios,
deste gigantesco serpentário social.

Por isso, tantos templos destelhados, juramentos inacabados,
congregando ações, nas congregações das rezas feridas,
conluios homicidas . . .
em nome do Pai,
do Filho,
do Espírito Cancro,
Amém.


(Alexandre Halfeld)


voltar última atualização: 13/03/2007
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