Auto-Análise
Contemplo-me a competir comigo no preferir que perco
Almejo-me no explodir da morte por todos os poros
E desamparos
Numa cidadela sob romano cerco
E desesperos
Nu e enxovalhado no esterco
Flagro-me ao flagrar-me no subornar-se minh'alma
Flagelo-me ao julgar-me inapto diante magistrada escória
E abortos
Em celas vexatórias de trauma
E mortos
Sem sua castrada vitória
Pois quem és, ó virtude cega?
Ao menos "O Nada" tu te auto-conclamas
E teu seio não negas,
Nesta pestilência tatuada em meu cenho,
Tua natureza absurda e profana
Sei que me putrefiz na lama
E que não mais me tenho...
Sombreio-me no suicidar-me com fragrâncias estrumentas
Estupro-me ao desintegrar-me o ego em estraçalhados espelhos
E retalhos
Num lamento leproso, de joelhos
E estilhaços
Pois é um estranho quem por eles me observa que não me reconheço
E canalhas
Toda chacina e promessa tem no sangue seu preço
E o que o vazio não me devora
É, pois, o que da beleza mais vexame
Que no mais aterrador espera
O retorno do abissal antes da Hora
No velório em que eu me ame
(31/08/05)
(Akhenaton)
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