O nada
De olhos cabisbaixos vago,
vago pela rua, pela fome,
pela morte, vago em seu nome,
vago no silêncio do lago...
O vazio se degladia em minha mente,
a multidão entorpece-me o peito,
fico a chorar em nosso leito,
perdido no tiroteio como a criança inocente...
Essa semana não tem choro nem riso,
essa semana não se tem nada liso,
essa semana é a semana do nada...
E no nada eu nado, e me afogo,
me afogo na vida-cilada,
não me resta nada, só o nada e logo...
(Adriano Vinagre)
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