Angústia
Por onde andas meu anjo salvador que não te vejo no firmamento celestial,
estarás se escondendo do meu amor?
Tira-me essa dor massacrante que me faz sangrar a alma e perder o sentido do
existir! Ouve meu chamado anjo...
Algoz do meu sofrimento diverte-se com minha dor isola-me nessa masmorra, cárcere
fétido... Bizarro carrasco a espreitar minha solidão...
Será que cometi um pecado mortal atrevendo-me a amar tanto tal criatura
divina e esse foi o meio que encontraste para se vingar, meu Senhor?
Esta carne maldita, crescente a consumir meus sentidos como a um demônio
faminto sugando minha energia vital tirando-me as forças... Enfraquecendo
meu querer.
Cai meu espírito nas garras da desesperança um túnel sem
saída bloqueado pela falta de fé.
Nesse labirinto de trevas, busco elementos que resgatem o corpo fraco... Fatigado
pelas incessantes batalhas travadas com o inevitável medo da morte.
Teus olhos negros a me aprisionarem num círculo sufocante, tentando arrancar
de mim o último suspiro de liberdade... Porque desejas me ter só
para ti se meu coração te repudia.
Errei em assumir esse amor, tão distante da minha mortalidade não
pude mesmo fazer-te me amar... Procuro por ti nas brumas levemente coloridas
pelo crepúsculo...
Olhar distante perdido na razão, olho para mim e que me restou senão
o carinho primitivo da besta... Como pode achar que provaria do seu amor e não
viciaria?
Contemplo a beleza da criação divina e meu amor... Ele se renovará
como o ciclo da vida havendo perdas, mas com a certeza de que as perdas dão
lugar para a ressurreição do novo, mais forte, bravo, intenso...
Livre!
(Adriana)
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