A Garganta da Serpente

Adhemar Molon

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A coceira...

Coça-me a língua
ao desejar
gritar ao infinito
o porque de estar aflito
com tanta podridão
Querendo falar
de tanta decepção
por ousar acreditar
numa vida melhor
no brilhar de novo sol
num país sem igual
numa paz social
numa fuga do pior
do quanto pior melhor

Coçam-me os ouvidos
por ouvir tantos gemidos
dos muitos doentes nas filas
sem que sejam atendidos
nas suas dores sentidas
no desprezo por suas vidas
que perdem pelos corredores
e pelos arredores
desses muitos hospitais
que depreciam nossas vidas
que são fabricantes do mal
num seguir sempre infernal

Coçam-me os olhos
que estão sem abrolhos
a esconder as desditas
dessas imagens malditas
que nos vêm como pragas
com sorrisos falsos
levando aos cadafalsos
os sonhos sonhados
de milhões de seres
que vêm todos os dias
bocas pronunciarem
promessas vazias

Coça-me a pele
por sentir sempre
o tocar demente
da poluição
que nos fere o físico

e também nossa alma
e o nosso coração
acabando com toda ilusão
tornando-nos como tísicos
na nossa estranha ilusão

Coçam-me as narinas
feridas no olfato
ao sentir o cheiro
de toda a corrupção
de toda essa imundície
quase apocalíptica
dessa imunda política
nesse imenso chiqueiro
que tanto causa maltrato
ao pobre e crédulo cidadão
considerado como um bicho
que viu jogado no lixo
seu voto tão sagrado
e tão desconsiderado
matando a sua ilusão
esses grandes charlatões
que tanto nos enganaram
e mais se locupletaram
e tanto nos roubaram
sem mostrar escrúpulos
deixando-nos malucos
sem nenhuma esperança
de que nos venha a bonança
com jeito de novas paixões

E esses grandes malditos
continuam de nós ausentes
e a nos deixar aflitos
alheios aos nossos gritos
ao nosso desejar
de uma Nação bonita
que nos livre dessa praga
que falsamente afaga
num fingimento de amar
enquanto tudo nos roubam
na miséria nos afogam
num agir impunemente


(Adhemar Molon)


voltar última atualização: 01/05/2006
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