A Garganta da Serpente
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POETISA NUA

Da música lenta
meus braços cansados
que queriam abraçar o mundo
pra nunca mais voltar às lágrimas

Nua e feliz
Rodopiei na sala
Girava a saia
Desgrudaram-se os pelos
Soltei os cabelos
Abri os braços
Soltei os laços

E tudo renasceu em mim

E tudo que era besta se fez em letra
E tudo que era dor se fez em amor
E tudo que era palavra
Virou verso
Pendurado na linha
E cada uma tinha
sua própria rima
Lira - Presa - Solta

E quem me visse
Rodopiando na sala ...a louca
Ela era o poeta de saias longas
De cabelos soltos
De cachos loucos
E tudo foi virando-girando
E em paz se tornando

Pra sorrisos de luz se compor
Pra nunca mais sentir dor

Porque a cada dia junto com tudo o que há
se renasce um pouco
E a cada dia se faz um louco
Porque cada um voa solto
Pra nunca mais ser peso morto

E cada verso que o poeta compor
Vai falar de luz, paz e amor
Vai lembrar da moça que rodopiava
Nua entre quatro paredes
Onde não existiam espaços
E tudo era livre, solto em versos...

E a música se fez
O canto que se quis
E o pranto não mais existiu
No meio de um outro canto
que teimava em renascer

(Junho 2008)


(Adriana Alves)


voltar última atualização: 05/01/2010
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