A "Elevação Suprema" de Celina Carvalho
Celina parece conhecer muito bem o pensamento de Picasso: "um quadro não é pensado e fixado de antemão. Enquanto o produzimos ele segue a mobilidade do pensamento".
A sintonia da artista com a obra, no momento em que a realiza, é estupenda. Sabe enaltecer as manchas do improviso, dominando a coloração com pátinas sobrepondo os planos. Conhece o métier pictórico. Sabe prever as conseqüências das fusões das cores sobrepostas, mesmo em situação que exige uma decisão imediata diante da secagem rápida do material, a fim de não perder o efeito desejado.
As obras da artista revelam um lirismo em sintonia com a parte atemporal que norteia o universo. São imagens que captam uma atmosfera imprecisa, profundamente sugestiva, distante do mundo da visão realista e das situações do cotidiano. O devaneio sugerido permeia o mundo da poesia. Não há elementos tenebrosos, assustadores.
Na obra de Celina o vocabulário visual caminha num mundo paralelo ao nosso, mais próximo à esfera "angelical".