A Garganta da Serpente
(16.09.02 / 15.10.02)

O Paradigma - Almandrade

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Ainda bem que, o que se diz sobre uma obra de arte, é fantasia, só faz suscitar algumas dúvidas que servem apenas como material de reflexão. Pintar, por exemplo, é um ato difícil que exige do artista método e sentimento, gestos: violentos, lúdicos, suaves, contraditórios, inocentes e paradoxais... Tudo para ocupar um espaço branco cheio de história, campo de pouso do enigma do belo. É o drama da pintura, ou melhor da arte.

A obra de arte é muitas vezes, uma superfície para o olhar pretensioso do observador arremessar inquietações e localizar fantasmas. Se quem olha inventa realidades, quem escreve imagina no texto verdades suspeitas, que apenas aproximam ou interrogam o trabalho do outro. Recomenda-se ficar em silêncio, para se escutar o diálogo dos personagens que desenham a paisagem do objeto de arte. Eles fazem parte da memória da arte. Escutar o som que vem das cores, das formas e das linhas e os acordes de um movimento brusco de um pincel, que deixa rastros que marcam a certeza e a incerteza da mão.

Estamos sempre falando para inventar um discurso sobre o trabalho do outro, mas ele está sempre do outro lado do texto. Diz Adorno: "as obras falam como as fadas nos contos". Quando pensamos que estamos comentando uma obra de arte, ela nem aparece na superfície do texto.

Almandrade
Objeto
ferro, vidro, bola de gude (15x10x8 cm)

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