A Garganta da Serpente
Entrevista com Cobra entrevista com nossos autores
Entrevista com:

Carlos Moraes Júnior

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- Carlos Moraes Júnior -

Entrevista concedida a Rodrigo de Souza Leão nosso habitante para o Balacobaco


Carlos Moraes Júnior, 49, nascido em Tatui/SP em 16/12/48, aposentado da Prefeitura Municipal, onde exerceu, de forma efetiva, o cargo de Agente Fiscal de Rendas, jornalista e contabilista, Presidente do Clube dos Escritores Piracicaba, entidade sem fins lucrativos. declarada de Utilidade Pública, pela Lei 4265/97. Escreve para o Jornal de Piracicaba na página 2 e assina, junto com o filho, desde 1989, diariamente, as Palavras Cruzadas daquele matutino. Publicou Temática , crônicas (1974/1976/1978), Nem tambores, nem clarins , crônicas e poesias (1975/1976). De literatura alternativa Coleção Jubileu (1986), Série Ouro e Série Prata (1987), Série Vermelha (1988), Série Branca (1989), Série Amarela (1990/91), Série Verde (1992), Série Azul (1993), e Serie Marrom (1994), Coletânea Clube dos Escritores (1992), organizador, Coletânea Força Motriz (1993), organizador e Poetas Piracicabanos 1900-11970 , pesquisa histórica. É membro fundador da Academia Piracicabana de Letras, membro da Ordem Nacional dos Escritores, da Ordem Nacional dos Bandeirantes, da Academia Paulistana da História, da União Brasileira de Trovadores, da União Brasileira de Escritores, da Academia Brasileira de Ciências Mentais e do Sindicato dos Escritores Profissionais do Estado de São Paulo. Casado com a empresária Sra. Maria Clarice Alves da Silva Moraes, proprietária da firma Coopia Datilografia e Serviços Editoriais, que mantém a revista Clube dos Escritores , publicação mensal por assinatura.

Manteve no ar durante cinco anos o programa radiofônico Clube dos Escritores pela Rádio FM Municipal, e durante um ano, no jornal O Diário , a página literária Clube dos Escritores . Ministra cursos de Redação, de Técnicas de Redação, de Poética Contemporânea e de Criatividade em Prosa e Verso, desde 1992, em convênio com a Delegacia de Ensino de Piracicaba e com a Prefeitura Municipal. Ganhou inúmeros prêmios literários, entre eles os 3 Happenings de Literatura organizados pela Escola de Música de Piracicaba, tendo sido classificado em 1996 para a fase regional do Mapa Cultural Paulista na área de literatura. Realizou oficinas de literatura alternativa, e uma Exposição de Literatura Alternativa na Casa do Povoador, sendo o pioneiro neste tipo de literatura na cidade.

Durante mais de 30 anos dedicou-se à crítica literária, sendo que assinou nos jornais locais e de algumas cidades do interior colunas literárias como Literatura e Livros . Como jornalista profissional assinou durante mais de cinco anos a coluna diária Temática e a coluna semanal Mobral em Revista no Jornal de Piracicaba. Foi ainda repórter, colunista e revisor de todos os jornais da cidade. Como gerente de promoção da Eletroradiobraz S/A, criou a mensagem de encerramento do expediente de todas as lojas da rede. Como Relações Públicas da Comissão Municipal do Mobral, criou a frase-tema da Campanha de Alfabetização do Mobral de 1975.


Como descobriu a literatura brasileira?
Descobri a literatura brasileira aos oito anos na imensa biblioteca de meu pai e comecei a ler por curiosidade e por incentivo. Li todos os clássicos porque meu pai os tinha em casa José Lins do Rego, José de Alencar, Eça de Queiróz, Monteiro Lobato, Paulo Setúbal, Graça Aranha, Machado de Assis, Jorge Amado, Raquel de Queiróz e muitos outros. Mas não esqueci dos poetas Cleómenes Campos, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral e outros. Era um bicho geográfico, Acho que não tive infância.
Quais são os grandes poetas da atualidade?
Coloco sempre em evidência alguns nomes que reporto fundamentais no Brasil, onde até os espíritos são poetas Carlos de Morais, Hélio José Déstro, Paulo Bonfim, Renato Cordeiro, José Eduardo Mendes Camargo, Nice Aldrovandi, Arnaldo Antunes, Glenda Maier, Greta Benites, Greice Munhoz da Silva, Mariazinha Congílio, Alba Cristina Campos Neto, para citar alguns.
Com quantas metáforas se faz um poema? Ainda existem poemas com linguagem poética?
Um poema é feito com todas as metáforas possíveis, até com aquelas que dele decorrem, ou que são ocasionadas por ele. Fazer poesia real é maçante e deixa o leitor confuso. O prazer maior é criar, fantasiar, sair do comum e do real. Refugiar-se numa Casa de Bonecas, que é o manicômio do artista! Isto sim é um poema, com a verdadeira linguagem poética do sofrimento, do sentimento, da solidão e do amor. Umn poema que não seja poético e não tenha essa linguagem poética, não é um poema, e sim a realidade em sua forma nua e crua. Não tem beleza, nem sonho, nem poesia.
Qual a contribuição que Piracicaba dá à poesia brasileira?
Piracicaba contribui para a poesia brasileira com 106 poetas que desfilaram durante os dois séculos de sua história. Temos nomes destacados no jornalismo como Brenno Ferraz do Amaral, Pedro Krahenbhülh, David Antunes, Thales de Andrade, o "pai da literatura infantil rural", Cecílio Elias Neto, João Chiarini, e na poesia nomes como Marina tricânico, Ubirajara Lara e outros.Temos na cidade o Premio Escriba de Poesia, muitos grupos literários, como o Clube dos Escritores e a Academia Piracicabana de Letras.
Como utiliza a Internet? Quais os sites que mais lhe agradam?
Utilizo a Internet para manter contato e por isso prefiro os sites culturais e de literatura.
Como fundou o Clube dos Escritores?
O Clube dos Escritores foi, de 1989 a 1995 um programa semanal de rádio. Foram ao ar mais de 240 programas enfocando a vida e a obra de nomes importantes e destacados da literatura mundial. Mas o programa tinha ainda entrevistas e apresentava a poesia dos ouvintes. Desta forma, um grupo se agregou em volta do programa. esse grupo foi se reunindo, principalmente na noite, em barzinhos e surgiu a idéia de fazer uma página de jornal com o nome "Clube dos Escritores". Essa página durou dois anos, semanalmente. Quando a página acabou, foram selecionados 35 poetas dentre aqueles que publicaram na página e surgiu a "Coletânea do Clube dos Escritores". Finalmente em 1995, foi fundada uma entidade literária, que começou como uma Cooperativa de Autores para a publicação de livros ditos alternativos. A Literatura Alternativa, que nasceu com o Clube se transformou em 165 edições de livros, tipo cordel, numa tiragem total de 35 mil exemplares vendidos, que culminou com uma exposição e uma oficina que ensinava a fazer o livro. O acervo foi doado à Biblioteca Pública de Piracicaba. Hoje, dez anos depois, o Clube tem 630 sócios em todo o Brasil e exterior, mantém uma revista de 28 páginas que sai mensalmente com uma tiragem de 750 exemplares e já publicou 93 livros dentro do seu sistema de Cooperativa. É um empreendimento de sucesso absoluto que vem crescendo sobremaneira nos últimos anos.
Tem alguma epígrafe?
Talvez a nossa melhor epígrafe seja "O espaço definitivo para a divulgação de todos os escritores".
Qual o papel do escritor na sociedade?
Talvez o papel mais importante do escritor na sociedade seja retratar a sua época, o seu mundo, e o seu tempo, dentro dos parâmetros de sua arte, sem esquecer que a reinterpretação dessa realidade é o que mais importa.

(2002)

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