A Garganta da Serpente
Cobra Cordel literatura de cordel
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Cumpadi, óia o Brasir!

(Sá de Freitas)

(Cordel caipira em homenagem aos ilustres senhores do Poder, ressalva feita aos poucos honestos)

Cumpadi Zé vô contá,
O que eu escuitei falá,
Da tar Câmara e Senado:
Diz qui lá os mais bacana
Mente e imborsa a nossa grana,
Nóis tem qui ficá calado.
Tem um véio tagarela,
Que tá arrastano as canela,
Mai é pió qui uma sarna,
Puis num sai nem a paulada,
Nem cum oposição zangada,
O trem ruim num desencarna.

Diz qui tem inda otro homi,
Cum oiá de Lubisomi,
Qui manda os outro calá...
Quando óia a turma treme,
Fecha a boca e apenas geme,
Cum medo di apanhá.
E os tar dos Deputado,
Fica arguns desesperado,
Pra robá a povaiada,
Enquanto arguém di tocáia,
Nas pinguinha se atrapáia,
E jura qui não viu nada.

Nóis que trabáia suado,
Carpino ou tocano gado,
Num ganha nem pra cumê...
Eles cum nosso dinhero,
Vão inté pru estrangero,
Nesses tar hoter chiquê.
Falaro qui o tar de Obama,
Homi estudado e di fama,
É simples, tem simpatia,
Mai nóis temo um cachacero,
Narfabeto, tranbiquero,
Qui gosta de mordomia.


Diz qui aconteceu o seguinte:
Numa tar riunião G-20,
In Londres, noutra semana,
Obama, homi decente,
Foi durmi humirdemente,
Na Imbaxada Americana.
Já nu "Dorchester", Hoter caro,
Lugá dus rico mais raro,
Onde num há inconomia,
Foi se hospedá o "Nada vi",
Pagano inté sem senti,
Vinte mir rear pur dia.

Cumpadi nóis tá perdido,
O povo tá aturdido,
Dia e noite, noite e dia.
É capaiz do desgramado,
Inda ganhá estorado,
Cum a tar de "Borsa Famia".
Puis tem esses vagabundo,
Qui num qué nada nu mundo,
Só bébe e tocá viola.
Quando chegá a inleição,
Esquecem que é cidadão
I si vende pur esmola.

Cumpadi aqui vô pará,
O mió é trabaiá,
Si não cumida num tem.
Puis num dianta manifesto,
De quarqué homi honesto,
Nesse Brasir sem ninguém.
Vo perpará a espingarda,
Bamo qui essa cambada,
Comedô de pizza e torta,
Resorve si infezá.
E mande a sordadaiada,
Qui tamém é vitimada,
Prendê nóis cá no Arraiá.

Mai votá? Num sô bocó!
Pago murta qui é mió,
Do que estragá a Nação.
Bamo mandá os candidato,
Caçá sapo, caçá pato,
Na beira dus riberão.
Nas campanha eles inté jura,
Que vão botá cumpustura,
E acabá cum os desordero.
Mai quando ganha, os danado
Nem óia pro nosso lado,
Só óia o nosso dinhero.

Bem... Tô indo trabaiá,
Puis no mandato num tô,
Purque nunca vô robá,
O povo trabaiadô..

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