Numa feira da Bahia
Toda suja, xexelenta
Um jegue perto de mim
Sussurrou nas minhas ventas:
RRINNCHI... RRINNCHI... RRINNCHI...
Oxente seu bichinho!
Cê pirou é seu marmanjo?
Nunca vi na minha vida
Um bicho assim relinchando!
E "falo" também!
Na língua dum tal Shakespeare
Que aprendi com vovó
Lá na roça: Santo Antônio do Brocoió
Que idade você tinha?
Quando tudo começou?
Você não nasceu "falando"
E muito menos relinchando!
Cê ta certo viu seu moço
Tinha eu apenas três anos
Quando vovó soprou no meu ouvidinho
"Horse" é seu nome, viu meu netinho
Seu moço pelo amor de "God"
Ensine-me "to speak" certo
"If not" vou entrar em crise
se não aprender o relincho "in portuguese"
É foda né "horse" amigo
Que você, uma "child" tão nova
Já "know" de cor e saltiado
Que "cheese" é queijo fatiado
Seu moço "please", recorra aos seus orixás
Ensine-me o relincho em português
Aí, eu perdoarei vovó, coitada
Que me botou nessa enrascada
Clama amigo jegue!
Vou te ensinar, sim!
O relincho no idioma pátrio é lindo, é dolente!
Repita comigo:
RRONNCHE... RRONNCHE... RRONNCHE...
Que tal comprar um livro de Cordel? Antologia do Cordel Brasileiro - Marco Haurélio O Jumento e o Boi em Cordel - João Bosco Bezerra Bonfim Meus Romances de Cordel - Marco Haurélio |