A Garganta da Serpente
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Jaminho

(Igor Machado)

Jaminho menino moço
Chorava, pobre coitado,
Perdeu a mãe pro câncer
O pai Zé fino atropelado
E a noiva casou com Chico
Amigo dos mais safados.

Pensava em se matar
Mas deus o condenaria
Pensava matar a noiva
Mas a cadeia esperaria
Então Jaminho se fechou
E definhava dia-a-dia.

Da casa da rica irmã
Num quarto se enterrava
Tal irmã rica e bonita
Do marido apanhava.
Do marido esquentado
Nem um erro escapava.

E Jaminho se enterrava
Sem comida, sem amor.
O alimento dia-a-dia
Eram as cachaças que sobrou
Da festa de seu noivado
Com a que Chico o roubou.

E os dias apressados
Passou num acontecer
E ninguém via a sombra
De Jaminho aparecer
Ele que falava tanto
Som nenhum pôs a fazer.


O cunhado valentão
Lembrou-se do dinheiro
Que Jaminho lhe devia
Foi ao quarto do caloteiro
E gritou com agonia:
- Dei-me todo meu dinheiro.

O cunhado feroz gritava
Mas o quarto não respondia
Mais alto ele gritava
E a porta dele sorria
Raivoso chutou a porta
Quebrada ela se abria

A cena era lamentável
Jaminho desfalecido
Com quinze litros de cachaças
Todos litros bem bebidos
O cunhado chutava o corpo
Atrás do que era devido.

O corpo era chutado
E imóvel não se mexia
O corpo e suas cachaças
Mortos, mas com alegria,
Pois sentia toda desgraça
Dos mortos que ali vivia.

A irmã foi alertada
Da morte do caloteiro
E chorou desesperada
Nem tanto pelo fuleiro
Mas por certo apanharia
Pelo enterro do dinheiro.

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