A Garganta da Serpente
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A sociedade

(Alfred' Moraes)

Segundo historiadores
E a antropologia
Há meio milhão de anos
O homem já existia
Vivendo em sociedades,
Suprindo as necessidades
Que a vida em grupo exigia.

Eram grupos reduzidos
Que escolhiam os lugares
Junto às nascentes dos rios
Pra construírem seus lares.
Usavam pedras lascadas
Como facas afiadas
E armas rudimentares.

Santiago do Cacém
A seis mil metros do mar
Na estação de Salema
Parece nos indicar,
Que há quatrocentos mil anos
Um grupamento de humanos
Conviveu num só lugar.

E assim em povoados,
Vilas, cidades, nações,
Foram se multiplicando
Em diversas regiões
Por toda a face da terra,
Mesmo com doença e guerra
Hoje já somos bilhões.

O século XX chega
Com grande transformação
Na arte, literatura,
Nasce à administração,
Formulam-se teorias
E a arte da economia
Assume grande função.

Neste cenário moderno
A cadeia produtiva
Torna-se mecanizada,
Como uma engrenagem viva
Cada dia evoluindo,
Todo o tempo produzindo
Diuturnamente ativa.

O Produto Interno Bruto
É a produção de um país
E era pra ser repartido:
Do servo à imperatriz;
Do lixeiro ao deputado;
Do leigo ao magistrado;
Do beato à meretriz.

Todavia essa partilha
Não se conseguiu jamais,
Nem reis, e nem faraós,
Nem sultões, nem marajás,
Nem reinado, nem república,
Fizeram da coisa pública
Bolo, em fatias iguais.


A sociedade egípcia
Alguns milênios atrás
Já possuía os problemas
Das cidades atuais,
Faltava casa e comida
Mas já tinha o boa-vida
Nos palacetes reais.

Assim como a Casa Branca
E a pobreza dos guetos;
O Palácio da Alvorada
E os barracos dos becos;
Os brancos na faculdade
Ocupam mais da metade
Das vagas que eram dos pretos.

Os conflitos sociais
Entre nós, seres humanos,
Tem uma origem econômica
A mais de cinco mil anos,
O rico não quer ser pobre,
O plebeu sonha em ser nobre
E o pobre não faz nem planos.

A outra origem, porém,
Antecedeu aos mortais.
A sede pelo poder
Encantou a Satanás,
Lúcifer quis ser o dono
Do mais poderoso trono
Das hostes celestiais.

Interesses antagônicos
Deturpam a sociedade,
Anulam o socialismo,
Dividem a humanidade,
O Ser e o Ter nos confundem,
Os dois conceitos se fundem
Numa só realidade.

O estigma dualista
Delegou-nos um dilema:
Se, rico tenho um defeito;
Se, pobre tenho um problema;
Se, bato sou sanguinário;
Se, relevo sou otário.
Qual deve ser um meu lema?

Se, brigo sou desordeiro;
Se, corro sou um covarde;
Se calo sou conivente;
Se grito provoco alarde;
Uma verdade na vida
É que pimenta espremida
Só no da gente é que arde.

Quando a "Lei de Gerson" impera
O diálogo se encerra.
Basta um falar mais alto
Que o resto do mundo berra.
Vira bola de avalanche
Restringindo qualquer chance
De paz, na face da terra.

Fundaram o Grupo dos Sete
Utilizando um critério
Cujo interesse velado
Já não é nenhum mistério.
Qualquer nação que se preze
E a prepotência despreze,
Não deve levá-lo a sério.

Ser Rico e Ser Poderoso
São condições sine qua
Pra fazer parte do bloco,
Se o Grande Império aceitar,
Quando o grupo se reúne
Determina, julga e pune,
E ninguém pode opinar.

Essas nações poderosas
Tentam "consertar" o mundo
Mandam armas e soldados
Aos países moribundos.
Mas, fomentam o extermínio,
Para impor os seus domínios
E a ONU é o pano de fundo.

Os países emergentes
Tentam furar o bloqueio
Pra também ter voz ativa
Nesse reduzido meio,
Pra isso seus governantes
Tem planos mirabolantes
Mas, o povo fica alheio.


Pra onde então se destinam
Os passos da humanidade?
A pergunta é bem antiga
Porém na atualidade
Ressoa como um clarim!
Será que outro Querubim
Virá no final da tarde?

Enquanto isso as pessoas
Tentam alcançar os seus sonhos
Uns com mais facilidade,
Outros com fardos medonhos
Mas, todos no mesmo barco,
Até que se rompa o arco,
Na camada de ozônio.

Quem abandonar o barco
E desistir da passagem,
Desiste da própria vida
Mas, quem gostar da viagem,
Terá o vento a favor,
Seja lá pra onde for,
Vencerá qualquer voragem.

Aportará no futuro
Cujo rumo ninguém sabe,
Pra chegar tranqüilo e calmo
Faça a parte que lhe cabe.
Não desperdice um segundo
Do seu tempo, neste mundo,
Antes que sua vida acabe.

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