A dor. Adorno no peito, uma gravata nova, veludo, pelugem, prateada!A dor no
peito! Tudo pa...ra no metro da Consolação, um menino com elefantíase,
uma senhora desmerecida, um casal de velhos e uns velhos de casal. Dezenove.
Horas passam. Um calo no pé, um quadro da F. Kahlo, ninguém mais
percebe, que ele está friodurorto. De tão cheio o vagão
-_|_-_|_-_|_-_|_-_|_-_|_ fica de pé.
Morto. Só se morre nesse mundo com atestado de óbito, antes disso
é causa práxis, coisa ou cousa. - Mãe o moço está
pesando em mim. - O Empurra de leve, assim ele sai. Todo morto é um estorvo.
- Ele é bonito não, gostei dessa gravata prateada. - Achei cafona,
parece coisa da Guaraná Brasil. O morto parecia mais velho e cansado
uma menina queria ceder o lugar, uma mãe sentiu pena, um viadinho o achou
um pão.
Viadinho. Toda história que se preze tem um. Nem que for de cu adjuvante.
Ou daqueles do interior que acha que fica menstruado.
Menina. Sentiu a mão do morto na bunda. - Opa, ai não João,
está pensando o que? Morto não se desculpa. Menina grita, - Socorro,
tarado! todo mundo cai de pau no morto. Daí ele morre mesmo. Dá
noticia no jornal. Dois três vêm chorar. Ganha atestado de óbito,
foi de linchamento, antes era de tédio.