A Garganta da Serpente
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Bem bastante belo

(Victor Tales)

"No sentido da vida. Contido nesse mundano. É essa incrível ida, de ser; deveras humano!".

Lá vai; Pierrô. Agasalhado na multidão. Fervilhando. Irradiando. Dominando. Devorando. Cada pedaço. Humano. Animal. Vegetal. Esse Pierrô. Comum homem. Como uma matilha. Babando sobre próprios pelos. Atrás da vitima; inocente. Ele. Ainda mais; imaculado. Devora-lhe. Carne. Músculos. Ossos. Alma. Bendito; Cristo! A esperança. A ultima que morre. Ali sentada. Lamentando sua própria solidão.

Espasmos. Ânus contorcido. Orgasmo. Forte, forte. Começa na espinha. Uma viagem longínqua e sagrada. Um suspiro forte. Sujo, sujo. Sentiu merda sobre lençol. Mulher. Chorando, choramingando. - Louco! Ria. Tão alto. Fundo. Uma hiena. Em suas entranhas. Remexia na cama. Acabara de ter o orgasmo; melhor de sua vida.

Comum; Paulo Mattoso. Casado. Liana Mattoso. Vivi. Casa; número trinta e quatro. Rua Calabouço. Bairro Jardins. Convidou. Vizinhos novos; para jantar. Enquanto comiam. Sua mulher. Com uma saia; de renda. Enorme, enorme. Sentou no colo. Penetrou-a ali. Enquanto ela abaixava; tomar o chá. Riam alto. Os vizinhos. Percebiam? Súbito. Colocou a de quatro. Apoiada na mesa. Metia até o cabo insistentemente. Sua boceta super aquecida. Chá sobre o carpete. Vizinhos. Estarrecidos. Liana Mattoso. Abriu a braguilha. Pênis duro; vizinho. Em sua boca. Camuflando no interior. Vizinha. Lutando. Unhando. Mordendo. Agora. Fodendo. Paulo Mattoso. Contorcem-se como enguias. Numa dança de foda. Tudo estilhaçado. Sobre o carpete. Nunca mais carpetes. Paulo abraça. Vizinho. Infinitamente felizes. Vizinhos de suas mulheres. Infinitamente felizes. Despedem. - O feijão estava ótimo. - A receita do bolo; não esqueça. - Até outro dia.

Ângela. Nome de guerra. Travesti macho. Pernas lindas. Limpou o chuchu. Pintou. Calcinha rendada. Vestido rodado. Ruas largas. Espelho. Fêmea. Ruas largas, largas. A luz fria e elétrica. O poste. Como o rei falo. Abençoando seus súditos. - Ângela você é linda. - Você é uma deusa. - Divino; que tetas! Quarto. Hotel Rose. Cama. Espelhos. Luzes; frias. - Deixe ver. - Gosta? - Perfeita! - Custa caro meu bem. Morre essa manhã. Agnaldo Faria Pinto. Trinta e duas facadas. Deixa filho de doze anos. Travesti da rua Augusta. Policia procura assassino. - Sabe Ângela? - Morreu! - Morreu não; virou noticia. - Safada; que tetas em?

Pele. Um bicho d'ouro. Douriado. Suas roupas. Não serviam mais. Sua unha gasta. De tanto corroer o chão. Buscando um tesouro. Meteoros equíssimos da humanidade. Seus dentes poentos. Não sustentam mais os lábios. Que pedem balbuciando. - Mãe, mãe. - Vamos sai daí. Enxotado; cão vadio. Pancadas ferem calcanhares e testículos. Curvasse num canto. Tão abaixado que fica. Os pássaros cagam sobre ele. E cantarolam em suas costas. Lá fica todo o outono. Ruminando. Fertilizando. Até que dele nascem fungos, cogumelos e flores. Que murcham em seguida. Sorri. Milhares de vezes. Seus olhos vidrados. Duas estrelas se transformando; buracos negros. Devora todas as pedras ao seu redor. Sua língua tornasse poeira. O pó do verbo. Chove. Lavam-lhe as costas. O barro suspende seus pés do chão. Envelheceu dez ou mais anos. Cresceu como uma árvore. Raízes; fortes. Penderam de seus dedos. Pássaros fizeram casa. Insetos alimento. A grande cadeia alimentar; prolifera. Em seus ramos. Flores com pétalas brancas balbuciando: - Mãe, mãe. Ali fica. Fazendo sombra. Sobre os loucos do hospício; João Leopoldo Filho.

Só. Sobram cristais. Zircônios. Vidro. Vida partida. Pedra fendida.

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