"No sentido da vida. Contido nesse mundano. É essa incrível ida, de ser; deveras humano!".
Lá vai; Pierrô. Agasalhado na multidão. Fervilhando. Irradiando.
Dominando. Devorando. Cada pedaço. Humano. Animal. Vegetal. Esse Pierrô.
Comum homem. Como uma matilha. Babando sobre próprios pelos. Atrás
da vitima; inocente. Ele. Ainda mais; imaculado. Devora-lhe. Carne. Músculos.
Ossos. Alma. Bendito; Cristo! A esperança. A ultima que morre. Ali sentada.
Lamentando sua própria solidão.
Espasmos. Ânus contorcido. Orgasmo. Forte, forte. Começa na espinha.
Uma viagem longínqua e sagrada. Um suspiro forte. Sujo, sujo. Sentiu
merda sobre lençol. Mulher. Chorando, choramingando. - Louco! Ria. Tão
alto. Fundo. Uma hiena. Em suas entranhas. Remexia na cama. Acabara de ter o
orgasmo; melhor de sua vida.
Comum; Paulo Mattoso. Casado. Liana Mattoso. Vivi. Casa; número trinta
e quatro. Rua Calabouço. Bairro Jardins. Convidou. Vizinhos novos; para
jantar. Enquanto comiam. Sua mulher. Com uma saia; de renda. Enorme, enorme.
Sentou no colo. Penetrou-a ali. Enquanto ela abaixava; tomar o chá. Riam
alto. Os vizinhos. Percebiam? Súbito. Colocou a de quatro. Apoiada na
mesa. Metia até o cabo insistentemente. Sua boceta super aquecida. Chá
sobre o carpete. Vizinhos. Estarrecidos. Liana Mattoso. Abriu a braguilha. Pênis
duro; vizinho. Em sua boca. Camuflando no interior. Vizinha. Lutando. Unhando.
Mordendo. Agora. Fodendo. Paulo Mattoso. Contorcem-se como enguias. Numa dança
de foda. Tudo estilhaçado. Sobre o carpete. Nunca mais carpetes. Paulo
abraça. Vizinho. Infinitamente felizes. Vizinhos de suas mulheres. Infinitamente
felizes. Despedem. - O feijão estava ótimo. - A receita do bolo;
não esqueça. - Até outro dia.
Ângela. Nome de guerra. Travesti macho. Pernas lindas. Limpou o chuchu.
Pintou. Calcinha rendada. Vestido rodado. Ruas largas. Espelho. Fêmea.
Ruas largas, largas. A luz fria e elétrica. O poste. Como o rei falo.
Abençoando seus súditos. - Ângela você é linda.
- Você é uma deusa. - Divino; que tetas! Quarto. Hotel Rose. Cama.
Espelhos. Luzes; frias. - Deixe ver. - Gosta? - Perfeita! - Custa caro meu bem.
Morre essa manhã. Agnaldo Faria Pinto. Trinta e duas facadas. Deixa filho
de doze anos. Travesti da rua Augusta. Policia procura assassino. - Sabe Ângela?
- Morreu! - Morreu não; virou noticia. - Safada; que tetas em?
Pele. Um bicho d'ouro. Douriado. Suas roupas. Não serviam mais. Sua unha
gasta. De tanto corroer o chão. Buscando um tesouro. Meteoros equíssimos
da humanidade. Seus dentes poentos. Não sustentam mais os lábios.
Que pedem balbuciando. - Mãe, mãe. - Vamos sai daí. Enxotado;
cão vadio. Pancadas ferem calcanhares e testículos. Curvasse num
canto. Tão abaixado que fica. Os pássaros cagam sobre ele. E cantarolam
em suas costas. Lá fica todo o outono. Ruminando. Fertilizando. Até
que dele nascem fungos, cogumelos e flores. Que murcham em seguida. Sorri. Milhares
de vezes. Seus olhos vidrados. Duas estrelas se transformando; buracos negros.
Devora todas as pedras ao seu redor. Sua língua tornasse poeira. O pó
do verbo. Chove. Lavam-lhe as costas. O barro suspende seus pés do chão.
Envelheceu dez ou mais anos. Cresceu como uma árvore. Raízes;
fortes. Penderam de seus dedos. Pássaros fizeram casa. Insetos alimento.
A grande cadeia alimentar; prolifera. Em seus ramos. Flores com pétalas
brancas balbuciando: - Mãe, mãe. Ali fica. Fazendo sombra. Sobre
os loucos do hospício; João Leopoldo Filho.
Só. Sobram cristais. Zircônios. Vidro. Vida partida. Pedra fendida.