In Memorian Thoureau, Barrett, Drake, Joyce, Simão
e Teresa
Nota do escritor - Outra ode
Bem, eu reescrevi esta ode e por isso ponho o dia de hoje, mas ela já
é meio antiga. Dedico à única pessoa que eu amo com todo
meu coração; Tatiana!
Novamente trago outra ode, desta vez não serei infantil... Começarei
um conto usando o mesmo estilo de outra ode, mas agora "alinharei"
melhor as ideias; brincadeiras a parte.
[I] Por sobre as cadeiras
"Amigo, estou partindo...
E não sei se chorei por partir."
"Solidão. Sinto solidão. Solidão é o quê
sinto. Não consigo pensar, não consigo comer, por mim estaria
morto." [Você ama?]
"Amo? Amo. Despedaço flores, mas depois me sinto mal. Será
que Luciana merece meu amor?" [Que pensamento ruim! Claro que merece, se
ela não merece, quem pode merecer?]
"É isto, quem merece? E eu, mereço o amor que ela me dá?"
[Se você não sabe, quem vai saber?]
"Sim, claro. Mas por quê eu não sinto o amor?"
[II] Por sobre os espelhos
"Agora o quê me restou? Triste espelho, apenas serve para mirar-me
uma face de tédio e um clarão de luz. Luz que permite mirar-me
ao tédio." [Clara senhora, a tristeza é de seu agrado.]
"Diego, você me ama? O que faço neste mundo sentada; esperando
a dama dos sapatos furados recolher-me?" [Esperar é uma virtude,
não a perca.]
"Sim, mas o que espero? O amor que ele sente por mim é tão
grande quanto o que sinto por ele? Se é, por quê demora?"
[A apatia não é provisória, a demora não segue apática.]
"Revolta, quebra de espelhos, por quê deveria quebrar espelhos? Mostrar
minha revolta a quem?" [Se Deus existe verá. A imagem é sua
ao quebrar o espelho e não Dele.]
"Por quê o 'D' maiúsculo no meu túmulo. Ele virá?"
[Deus ou Diego?]
"Tanto faz, sirvo ao mesmo 'D'; não importa quem virá. O
quê for é ganho."
[III] A Família do Sol e da Lua
"O Sol é meu pai." [A Lua é sua mãe.]
"O Céu é meu irmão e não tenho nada a temer
com eles." [O clima está ameno, talvez seja o seu estado.]
"Mas o vento me carrega para longe do teu lado." [Talvez para flutuar
com seu irmão...]
"Agora a vida é primavera, mas Luciana é verão."
[O Sol te conforta, a Lua é sua emoção, o Céu é
seu irmão.]
"Agora sou filho de todos, mas com nenhuma criação."
[IIII] Meu Altar
"Diego, hoje fui ao nosso altar, lembra-se do banco perto do lago? Se
lembra de como achamos o lago?" [Por quê restituir lembranças?]
"São as únicas coisas que me seguram neste lugar sem Diego."
[Algum dia não serão mais.]
[V] Antes do encontro
"Juliana, será amanhã! Encontre-me no nosso altar, seremos
um corpo só." [Carta aos Céus.]
"Mande esta carta aonde quer que esteja minha frágil ninfa que brilha
no riacho de lágrimas dos Deuses!" [Carta à uma ninfa.]
[VI] Carta à uma ninfa
"Amanhã verei Diego, meus mais belo e gentil cavalheiro."
[Apenas beleza?]
"Não! E gosto dele por mais coisas!" [Então por quê
parou neste atrativo?]
"Eu não pensei em nenhum outro!" [Beleza?]
"Sim?" [Apenas beleza?]
"Não! Pare, eu não aguento!" [Amanhã?]
"Sim, será o dia do meu renascer!" [Tédio.]
"Não! Com ele não sinto isso." [Tédio?]
"Um pouco, às vezes, quem sabe..." [O lago?]
"Sim, foi lá que nós demos o primeiro beijo." [Amor?]
Sim, mas (será que el(e)(a) me ama tanto quanto (a)(o) amo?
[Amor.]
[VII] O encontro no lago
"Juliana! Eu te amo tanto!" [Abraço.]
"Diego!" [Choro.]
"Por quê chora?"
"Não sei, tanto tempo! Me abrace! Me ame Diego!" [O lago?]
[Sim, o lago.]
(Minha bela das tardes joviais,
Penteie o cabelo negro e venha cantar.
Beije-me ao som dos pássaros,
Debrucemo-nos ao luar.
Quero deitar sobre você,
Ouvir novidades que venha a ter.
Sua pura inocência
Refrata na minha frágil existência.
Queira apenas ser sua.)
[Tédio?]
[VIII] Dos lírios
"Sim, tedioso." [Tédio.]
"Sim, já disse! Mande-lhe uma carta." [E flores?]
"Sim, não tenho mais tempo." [Amor?]
"Não." [Amor?]
"Não!" [Amor.]
"Sim! Eu o amo, e daí? Não deve saber de outros lares que
deitei! Feri corações, mas o dele não irei ferir!"
[Carta?]
"A carta é para explicar." [Explicar o quê não
é preciso?]
"Para saber a verdade!" [A verdade tem suas lascas a serem moldadas...]
"Cale-se! A verdade é uma! Diego, meu belo cavalheiro..." [Beleza?]
"Sim, mas eu o amo! Queria-o só para mim!" [Beleza?]
"Não, amor..." [Beleza, depois amor...]
"Cale-se, apenas escreva a carta e mande-lhe flores!" [Flores de rancor?]
"Perfeitamente." [E os lírios?]
"Não sei, jogue às margens do lago." [Perfeitamente.]
"Amanhã já estarei longe, longe dele e longe dos céus."
[IX] Dos lírios à margem do lago
(Flutue sobre o lago e suas pétalas cairão,
O pôr do sol parece amargo, mas a noite é pior.
Queira saber que o dia será uma carta
Lançada aos céus de um amanhã negro.)
"Por quê meus lírios não são puros, vistos
por Deus? Eu quero fugir até minha beleza sair do corpo e cair por cima
dos quartéis sem nome de uma região habitada apenas por flores."
[Lírios?]
"Sim, lírios..." [A mais fina flor às vezes tem o mais
mortal dos espinhos...]
[X] Carta da partida
"Juliana, minhas cartas, minhas dúvidas, meus erros, tudo converge
até você!" [Você ama?]
"Sim, mas ela não responde!" [Amor?]
"Pode-se morrer de amor?" [Agrado?]
"Não, amor! Onde ela está?" [Morte?]
"Sim, morte! Ela não conseguiu aguentar! Pobre senhora! Não!
Me sinto tão sozinho, por onde ando agora, não há um chão
para apoiar!" [Morte?]
"Não tenho certeza!" [Fuga?]
"Não! A única fuga é a morte; não há
outra!" [Cegueira suja.]
"Não é verdade! Ela partiu! Subiu aos céus sem mim!
Pobre Juliana! Minha santa!" [Fé?]
"Não tenho fé, mas sigo em frente!" [Destino?]
"Sim, eu me juntarei a ela! A fuga habita o outro lado!" [A fuga está
deste lado.]
"Não!" [Não acredita em verdades?]
"A verdade? É possível por suas lascas moldá-la!"
[Verdade?]
"Sim!" [Que verdade?]
"Esta verdade! A verdade da fuga!" [Verdade única?]
"Sim!" [Como é possível moldá-la?]
"Cale-se, esta verdade é única!" [Surdo.]
"Não; estou ouvindo!" [Verdade?]
"Não aguento mais ouvi-lo, suma!" [Sumirei]
"Verdade?" [Sim, esta é única.]
"A minha também é! Habita o outro lado!" [A fuga da
verdade!]
[XI] A fuga da verdade
(E sob a promessa dos infinitos
Ainda há gente que morre
Por sobre os riscos do finito.
Todos se vão sem deixar alguém
E se alguém ficou só por si próprio
No mundo de ninguém por ócio,
Será o quê foi feito?)
"Sim! Minha Juliana partiu, esta é a verdade!"
(Eu serei eu por em pé ficar,
Ficar de pé estando a sentar.
-Por favor, não machuque ao me tocar!
[Só] Estou além da sua promessa,
O céu que nos embarca espera
Um novo tempo para caminhar...)
"Mas se morrer, partirei sozinho?" [A escolha é sua, não
aberta à perguntas.]
"E lá no céu ela ainda me ama?" [Certamente, senhor
das 'verdades' únicas, ela estará lá mesmo sem estar! Meu
senhor cego a paixões de promessas falsas.]
"Doce Juliana, me espere..."
[Lágrimas.] [Minhas lágrimas?]
[Sim, meu choro...]
(Durma meu senhor,
durma seu último sono.
Durma meu senhor,
durma seu último suspiro...)
[XII] O tempo passa quando a chuva cai e os sinos dobram...
"Vá, ilustre Diego, me deixe sozinha sob meus conceitos que tirei
de você enquanto deitava sobre meu peito. Lá fora há um
vento noturno horrendo e lá fora te achei; tentando colhê-lo. Seus
olhos me lembram alguém que nunca conheci na vida, suas mãos me
ensinam um caminho triste e melancólico..." [Tédio e beleza.]
"Juliana, hoje eu saí para a floresta para ver a essência
da vida através dos animais que ali habitavam. Pouso forçado de
um faisão ao meu lado." [TU-TU] [TU-TU]
"Olá faisão, que morre lentamente nas curvas dos rios!"
[Não responde.]
"Olá coruja dos negros bosques, que agora são selvas de terra!"
[Pedra?]
"Olá, olá a todos. Adeus sombra do escurecer, agora deito
sob seus olhos e sinto..."
"Venha, escute o quê eu tenho a dizer sobre o quê vi na floresta.
Um segredo apenas dedicado a você, enquanto deitava sobre seu peito nu."
[TU-TU] [TU-Tu] [TU-tu] [Tu-tu] [tu-tu]
"Clara querida dos longos cabelos dourados, o quê a natureza faz
é de seu encargo."
[tu-tu] [tu-t-] [tu---] [t----] [-----]
(Durma meu senhor,
durma seu último sono.
Durma meu senhor,
durma seu último suspiro...)
"Mais do que obras do mero acaso, as coincidências
foram traçadas pelo destino.
Não me pergunte se fui traçado e cheguei aqui até você
sem nome e sem nenhuma estória para contar... Já passei por momentos
tristes! Mas a tristeza está acostumada a conviver comigo; por entre
cidades, bosques, campos e lagos. [Lagos?] Sim, lagos! Lago que refrata minha
frágil existência pelas mulheres que me tornei vassalo. Ora, quem
nunca amou me diga se isto não é verdade! Nunca cometi um ato
de misericórdia e não será hoje que me curvarei aos seus
pés, senhora de bom agrado! Eu já não sou o mesmo de antes,
mas será que algum dia o fui? Que seja assim então meu caminho
que trilhei sobre você..."
E até a Dama dos Sapatos Furados merece o céu...
(18/06/2004)