A Garganta da Serpente
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Antôni(o)mo

(Thaty Marcondes)

Sem comer há alguns dias. Apenas 3 bolachas de água e sal e alguns bons goles de muitas cervejas. Não subia: o álcool, naquele estado de nervos, sequer fazia efeito, mesmo estando sem alimentar-se adequadamente.

Sono? Só o pesado - aquele do corpo que se entrega. E mesmo assim, só depois do choro - a fronha úmida de tanta lágrima.

Levantava como um zumbi. Esquecera o que era pente, escova de dentes, roupa limpa, espelho.

Banho, de vez em quando.

Uma dor de barriga a toda hora.

Não queixava - ela achava que era "fita", desculpa prá não trabalhar.

Sem reação, começou a minguar. Cada vez mais choro, cada vez mais cerveja, cada vez menos bolacha.

Quebrou o espelho, esqueceu do banho. Já não se importava em acordar com o cabelo molhado pela fronha chorada.

Esqueceu o choro, quebrou a cerveja. Acabou a bolacha.

Não levantou mais.

E ela, chorando no enterro:

- Desgraçado, preferiu morrer do que trabalhar!

(06/07/03)

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