A Garganta da Serpente
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Jardim botânico

(Sandra Lúcia Santos Akiyama)

Homem estendido na grama. Contorce-se. Raízes surgem e contornam seu corpo. Lentamente. Não consegue mover-se. Impossível evitar. Pequenos brotos penetram em seus olhos, nariz, boca, garganta. Invadem todos os membros, enroscam-se ensandecidos. Cabeça coroada por cactos com suas flores miudinhas, multicores. Seus olhos explodem e desabrocham em rosas amarelas. Nos orifícios do nariz surgem margaridas vermelhas do sangue do homem. Das orelhas saem begônias marrons. Na boca musgo esbranquiçado. Em seu coração surge um pinheirinho. Em cada mão um girassol azul. Hortênsias furta-cores enfeitam seu tronco. As pernas torneadas por bromélias negras. Seus pés, tulipas douradas. As flores sugam a energia vital daquele ser e tornam-se belas.

O homem faz parte agora da paisagem. Realmente, já não é homem. Pertence ao Planeta Azul. É terra, raiz, folha e flores. Frutificará.




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