A Garganta da Serpente
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O Assassino e a morte

(Sandro Jamir Erzinger)

Parecia um fim de semana como qualquer outro e a tarde de domingo já aproximava-se do horário crepuscular, quando Márcio adentrou o bar de Samires que situava-se em um lugar ermo, tendo como cliente apenas seus amigos que costumavam visitá-lo e reuniam-se todos os finais de tarde pra tomar algumas cervejas, entre outras bebidas. O bar de Samires era de aparência bastante modesta, pois consistia em paredes de tijolos rudemente erguidas. Ao lado do bar, Samires ergueu uma cabana em estilo quatro águas, coberta com palha de folhas de coqueiro que servia pra abrigar turistas que ali chegavam aos finais de semana, atraídos por uma pequena represa que Samires havia erguido pra represar um regato de água, formando uma pequena piscina natural.

Mas apesar de toda a algazarra em meio aos colegas, Márcio não se sentia muito bem,sentia-se extremamente ansioso, pois há muitos dias passados que já havia elaborado um plano funesto e haveria de consumá-lo nesta mesma noite.Depois de beber a sua cota desejada de cerveja despediu-se de seus amigos e saiu correndo pela rua sob a luz do luar.

Chegando a um pé de árvore de salgueiro, embrenhou-se rapidamente mata adentro e silenciosamente ficou observando a estrada, pois segundo seus cálculos sua vítima deveria passar a qualquer momento. A lua iluminava a estrada numa tonalidade rosicler.

Neste ínterim, Galo-rouco, que possuía esta alcunha por causa de sua voz aguda,aproximava-se do ponto fatal, sem nada suspeitar.Todo este ódio originou-se no bar de Samires, quando numa discussão fútil, Galo-rouco apunhalara Márcio gravemente no abdômen. O tempo já havia apagado o ocorrido para Galo-rouco, mas não para Márcio; que tremia e suava ao segurar um longo punhal almejando acabar com aquilo de uma por todas. Subitamente Márcio é despertado por passos lentos sobre o pedregulho da estrada e aguardando o momento exato, Márcio salta com a agilidade de um felino nas costas de sua vítima, cravando de forma rápida e feroz o punhal nas costas de sua vítima. Galo-rouco virando-se rapidamente em gritos de dores pra descobrir o autor do atentado, consegue ver o rosto de Márcio, mas antes que pudesse gritar ou falar algo, uma punhalada descreve um corte horizontal no ar, ceifando as artérias do pescoço de sua vítima que cai quase sem vida, contorcendo-se nos últimos espasmos de dores. Passam-se alguns segundos e tudo volta a ser silêncio, nos pés de Márcio agora jaz o corpo de Galo-rouco em meio à uma poça de sangue.

Após constatar que a vida abandonou o corpo de Galo-rouco, Márcio apanha-o e joga-o barranco abaixo do lado oposto da rua, para fazê-lo cair no rio que passa logo abaixo, margeando quase toda a estrada. Mas ao atirar o corpo, o mesmo se engata em uma pequena árvore que estende parte de seus ramos sobre o rio. Descontente com o acontecido, o algoz desce rapidamente o barranco para concluir o intento.Terminando de retirar o corpo da árvore,,joga-o ao rio, que sai rolando ao sabor da correnteza.

Olhando com alegria a conclusão de seu trabalho, Márcio agacha-se para lavar as mãos e braços sujos de sangue, mas ao fazê-lo percebeu estar sendo observado e ao levantar viu um grande vulto entre as árvores - saia destas árvores, pois matarei você também - gritou Márcio, mas a sombra não se movia. Ao ver que sua advertência não havia exercido efeito, desembainhou seu punhal e correu em direção à sombra e neste exato momento a sombra também começou a andar em sua direção e a poucos metros de distância, agora sob a luz do luar, Márcio constata que não se tratava de alguém, mas sim de algo. Apavorado tentou voltar, mas sentiu seu corpo petrificado pelo medo. - Não! Nãaaaoooo!!! - gritou Márcio, mas inútil pois o seu corpo agora tombava já sem vida,ao receber o toque daquela obscura figura, pois o que ele jamais poderia saber, é que se tratava da tão temida... morte.

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