Toda vida senti uma atração irresistível por mulheres.
Quaisquer tipos de mulheres. Muito antes de ouvir a palavra masturbação
já tinha tido inúmeros esboços de relações
sexuais com várias delas. Eram sempre mais velhas do que eu. Tratava-se
de um impulso incontrolável. Desde os nove ou dez anos insinuava-me para
todas. Dez me rejeitavam, mas pelo menos uma me acolhia. Claro que eu não
sabia quase nada a respeito de sexo. Nem elas. Geralmente eram empregadas domésticas
analfabetas ou tão inexperientes quanto eu. A única coisa que
eu sabia e queria era introduzir o meu pênis duro em qualquer lugar, passar
ali alguns minutos e ficava por isso mesmo. Minha primeira ejaculação
aconteceu quando tinha entre treze e catorze anos. Foi uma surpresa e tanto.
Uma estranha mistura de prazer, medo e remorso. Remorso porque desde que me
entendo por gente, me ensinaram que estas coisas entre homem e mulher era tentação
do demônio.
Quando completei catorze anos conheci a masturbação, mas esta
nunca me satisfez plenamente. Estava viciado mesmo era em mulheres. Somente
com elas conseguia sentir prazer. Mas começaram a escassear. Penso que
o motivo principal era o medo que tinham de engravidarem. Naquele tempo nem
os médicos sonhavam com pílulas. Minhas parceiras e eu jamais
tínhamos ouvido falar em camisinha. Na década de 1950, sexo não
existia a não ser no pensamento das pessoas ou no recesso das alcovas.
Mesmo assim os casais quase não se comunicavam. Tudo era feito automaticamente
como se ambos estivessem sendo cúmplices de um crime. Claro que só
fui saber disto muito tempo depois.
É certo que existiam as prostituas, mas com catorze anos eu nunca tinha
dinheiro sequer para comprar uma cocada ou um mísero picolé. Como
não conseguia me controlar sem mulheres e o ato solitário que,
ao contrário dos outros rapazes, não me satisfazia, só
me restou uma opção: a zoofilia. Quase todas as tardes eu saía
sozinho para um curral mais ou menos próximo da minha casa onde existiam
muitos animais, principalmente jegues. Era um lugar isolado. Não havia
casas nem ninguém por perto. Escolhi uma jumenta e copulávamos
quase todos os dias. Quando acaso eu não a encontrava e insistia em me
relacionar com outra qualquer, de repente ela aparecia relinchando, escoiceava
a outra e se oferecia a mim.
Na maioria das vezes ela já ia me esperar na entrada do curral. Num certo
dia eu notei que a barriga dela começou a crescer e descobri que estava
prenhe. Mesmo assim transávamos quase todos os dias. De repente arranjei
uma namorada - mulher - com quem transava também. Aos poucos fui deixando
de frequentar o curral. Alguns meses depois surgiu um boato na cidade que
provocou a curiosidade não apenas dos seus habitantes como de toda a
imprensa. Uma jumenta havia parido uma coisa monstruosa. As autoridades locais
subornaram os jornalistas e aquele assunto foi abafado em nome da tranquilidade
dos habitantes e da reputação do lugarejo. Apenas um almocreve
e um veterinário viram a "coisa". Mas também foram subornados
e jamais deixaram vazar coisa alguma acerca do seu aspecto.