Depois da queda do rei, ele, como único sobrevivente de um enorme exército
se impôs um autoexílio carregando seus poucos pertences e sua espada
quebrada. As montanhas, na encosta do mar do oeste eram atualmente seu lar. Longe
de tudo e todos, sem vestígios de civilização.
Viveu muito tempo nesse lugar. Alimentava-se dos peixes que pescava e dos animais
que viviam nos bosques ao redor das montanhas. A própria montanha lhe fornecia
uma fonte de fogo inesgotável como magma que saía de suas fendas.
Seu maior prazer era observar as gaivotas planando ao vento e ver as nuvens trazendo
tempestades no horizonte. Nada disso porém o fazia esquecer uma ideia
fixa: vingança. Queria se vingar e matar um por um aqueles que dizimaram
toda a cidade e derrubaram seu rei, mas não sabia como.
Justo em um dia, no fim da tarde, quando caminhava pela pequena praia viu as nuvens
de uma tempestade se formando no céu. O mar estava muito agitado e a maré
subia rapidamente. Algumas ondas já chegavam na altura de sua canela. O
vento se tornou mais forte e veloz levantando uma parede de areia que quase o
cegou. Nesse instante, teve a impressão de ver uma luz metálica
refletindo da encosta da montanha. O vento desenterrara alguma coisa. Correu para
ver o que era, mas uma enorme onda o jogou ao chão, cobrindo-o. Ainda submerso
ele pode ver que o brilho ainda estava lá. Levanto-se, espantou-se ao ver
a água na altura de sua cintura. A maré estava mais alta e enchia
a cada onda. Ele se apressou, mergulhou, se aproximou do brilho. Era um pedaço
de metal, que ele pegou.
Era um pedaço de metal diferente de tudo que ele já tinha visto
na vida. Era disforme como uma rocha, mas brilhava como uma joia, parecia
aço em estado bruto, mas nele havia uma inscrição em uma
língua que ele não conhecia.
Ele tentou derretê-lo com o magma que jorrava da montanha, mas não
conseguiu. Aprofundou-se mais no interior da montanha em busca de temperaturas
mais elevadas que pudesse fundir o metal. Em um local onde seu corpo mal suportava
o calor ele fundiu o objeto e com ele fez uma espada e um escudo.
O escudo era uma peça indestrutível e o deslocamento de ar de um
movimento de sua espada podia decepar membros.
Com achegada dos navios do norte ele formou uma poderosa união com homens
valorosos e partiu para honrar os que morreram outrora.
Conseguiu cumprir seus objetivos e recuperou o reino, onde foi proclamado rei.
Dizem que com tamanha fúria em seus olhos e com tamanho poder que suas
armas tinham, poderia ter vencido sozinho o exército inimigo.
Mas depois disso, seu reinado viveu dias de paz.