A sirene de emergência tocou. "Lá vamos nós de novo" pensou Wanderley e não fazia nem uma hora que estava de volta.
- Depressa homens, para o caminhão! - o capitão os apressou. Wanderley olhou para os lados, estafado do último chamado, e viu seus companheiros se preparando, pegando seus capacetes, a correria habitual. Levantou-se partiu para o caminhão.
- O que é dessa vez capitão? - Perguntou Wanderley subindo na traseira do caminhão.
- Incêndio de novo. Só que dos grandes. É em um edifício residencial... seis andares em chamas.
- Meu Deus! Vítimas?
- Três corpos já foram encontrados e ainda tinha uma família presa.
"Eu preferia que fosse outro elevador quebrado".
Em pouco tempo o caminhão rubro virava a esquina e Wanderley pode olhar a enorme tocha. "Ninguém pode estar vivo ainda".
O prédio estava inteiro em chamas. Labaredas saíam pelas janelas de todos os andares, exceto os dois últimos. Muitas pessoas, a maioria curiosos, em local ainda perigoso.
- Cerquem a área! - ordenou o capitão e dois foram fazê-lo.
Enquanto a água já jorrava das mangueiras e Wanderley se preparava para entrar.
- Senhor! Minha filha senhor! - Um homem gritou para Wanderley atrás da linha de isolamento e Wanderley olhou para ele - No quinto andar por favor! - gritou desesperado.
"Deus, faça com que eu ache a menina" pensou Wanderley. Esse tipo de situação dramática sempre o fazia pensar em seu filho. Colocou a máscara e entrou com o machado na mão, atrás de outros dois que vinha com mangueiras.
O barulho do prédio queimando era alto, e a fumaça era intensa, mas Wanderley não desistiu e como um raio chegou ao quinto andar, o fogo subiu junto com ele. Arrombou portas, correu pelos corredores e acabou encontrando. Uma pequena menina, não mais que seis anos, estirada no chão, ainda viva, mas com a pulsação fraca. "Inalou muita fumaça".
Colocou sua máscara nela e partiu em direção às escadas com a menina em seus braços. Não conseguiu passar do terceiro andar pelas escadas, então entrou pelos corredores para tentar as janelas. Mais fogo, mais fumaça. Passagem totalmente obstruída e um repentino desabamento também obstruiu o local por onde entrara.
"Acabou" pensou Wanderley sem entrar em pânico e olhando para a menina em seus braços. Escutou um barulho forte acima de sua cabeça, o teto estava caindo e o chão se abria.
Do lado de fora as pessoas viam o prédio desmoronando como se tivesse sofrido uma implosão.
Só depois de dois dias encontraram Wanderley e a menina vivos.
Ele foi condecorado, passou um dia de folga com a família e na manhã seguinte estava pronto para outra.