A Garganta da Serpente
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Infinitas talvez

(Rosa Pena)

Minhas mil e umas noites?
Eu e o meu travesseiro gênio.

Dentro dele existia um túnel que unia o que eu vivia e o que eu desejava em demasia viver. Quase todas as noites eu atravessava o mágico corredor com todas as gamas, alfas e betas que um azul pode ter. Viajava totalmente despida e me esbaldava no inalcançável. Invariavelmente engravidava de ilusões. Na manhã seguinte retornava ao palpável pó de café e enquanto esperava as torradas pularem para os braços da geleia, ficava imaginando quantas luas precisaria para que nascesse meu novo sonho colorido. Eu o amamentaria muitíssimo, até que ele ficasse madurado de tão sonhado e partisse incolor sem vontade alguma de passar para o lado que eu vivia. Em algumas noites o danado do túnel se fechou, geralmente quando percebia que o lado desejado ultrapassaria o vivido. Não queria que eu me emprenhasse de ilusões, receava que eu não visse mais luas, que dirá contá-las. Cauteloso temia que meu leite secasse e que se tornasse impossível amamentar novos filhos de sonhos nos tons da aquarela. Ele sempre se achou o sábio.

Sábio só até conhecer você, que derruba túneis num piscar de olhos.

Nossas mil e duas noites? São pouquíssimas para nós.
Que tal tentarmos 2006?
Ainda assim serão poucas! Infinitas talvez.

  • Publicado em: 02/02/2005
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