Muita ginástica, pouca birita, cigarro algum, ar puro. Se tiver mesmo
que morrer, que seja de velhice, mas uma velhice sarada, sem cheiro de uísque
(cirrose é falta de informação), sem saborear amendoim
(tem muito colesterol).Sai o chope e entra o suco. Sai o churrasco e entra o
natureba. Sai o papo cabeça e entra o papo saúde. Açaí
não é mais só inspiração pro Djavan. É
aditivo para malhação. Morrer aos oitentinha virou morte precoce.
A euforia é coletiva, pois estamos bem próximos de enganar a desdita.
-Minha filha: Você é gordinha porque quer!
Manadas com o mesmo padrão visual, aglomerados de silicone. Morte por
acidentes ou violência é Karma, as outras é só descuido
nosso, daí não adianta nem prevenção como a vacina
de gripe para terceira idade, aves ainda não tomam, pois estas devem
morrer bem cedo para não ficarem gordurosas, nada de HDL.
-Minha filha: Você é gordinha porque quer.
Fossa é démodé, depressão está fora de qualquer
questão. Prozac na mão. Loucura só mesmo em vaca, que nem
mais preocupa tanto, picanha de soja com ketchup dá pra levar. Manipulada
conscientemente e sem fazer resistência, a humanidade sorri um sorriso
com Botox. Não cede lugar à nova geração, compete-se
a ponto de fazer uma Vera Fisher filha de alguma jovem iniciante. Não,
não se saboreia mais o perigoso, não se sai mais de cena quando
o vigor declina. Ação e reação de forma padrão,
sempre tão monótona, e eu lá dentro, sem querer ficar igual
a todos. Sinto-me pouco à vontade, pois sempre tive uma aversão
forte à psicologia de massas. Meu jardim do Éden tem guimbas de
cigarro, meu tônico da juventude é batizado com vodka. Não
há nada mais burro do que não viver para alongar a vida. Se viramos
manadas, viramos elefantes. Se agora somos elefantes, porque não fazer
como eles? Sair lentamente de cena quando perceber o bye bye do vigor? A média
de vida potente deles é sessenta anos, mas não usam celular, não
atendem interfones, não precisam do Velox, não possuem conta no
banco Real, nem precisam usar manequim 38. Ganham pelo menos dez anos nessa
parada.
- Dona Rosa! A Telemar avisou que hoje vai fazer reparos na área.
Falei de elefantes, mas não daqueles de circo. Qual é o vigor
de um elefante circense?
- Minha filha: Manda o doutor à merda!