A Garganta da Serpente
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O fantasma da foice

(Ronygley Carvalho Fonseca)

Wesley Houffman, segundo os boatos dos vizinhos, desde sua infância sempre foi um sujeito excêntrico, doentio e obscuro. Na escola ele não tinha amigos, andava sempre sozinho e nunca teve namorada. Era um verdadeiro misantropo.

Ele tinha uma personalidade perturbadora, as poucas pessoas que tentavam aproximar-se dele se afastavam com medo. Diziam que ele era louco, que ouvia vozes do além e que Satanás conversava com ele.

Houffman falava que nas suas supostas conversas com o diabo, este dizia que ele era um anjo enviado para ceifar a humanidade da terra para o reinado de Lúcifer. (Desta forma quem não iria ter medo de se aproximar de uma pessoa dessas!).

Seus pais, Rebeca e Wilson Houffman tiveram um espanto no dia que descobriram que o garoto aprisionava, torturava e matava gatos e insetos no quintal de casa dizendo que estava cumprindo as ordens do Diabo. O local funcionava como uma espécie de holocausto onde as vítimas sucumbiam nas garras de Houffman.

Rebeca e Wilson tinham dois filhos: Wesley, o mais velho, e Nicole, a caçula recém nascida. Eles achavam que a solidão e o isolamento do garoto era uma simples timidez, mas depois desta descoberta procuraram ajuda psiquiátrica para o menino.

Misteriosamente não foi constatado nos exames psiquiátricos nenhuma anormalidade ou distúrbio mental em Houffman, ou seja, se ele praticava aquelas barbaridades era porque sua índole já era voltada para o mal. A solução do problema não era procurar ajuda de um psiquiatra e sim de um padre exorcista - pensavam.

Os psiquiatras sugeriram aos pais de Houffman, que o menino fosse internado para sempre numa clínica para psicopatas de alta periculosidade para o bem de todos e para o próprio bem dele. Mas é claro que não o fizeram, para que internar alguém que não é louco numa clínica para loucos?

Os anos se passaram e Wesley Houffman se transformou num verdadeiro homenzarrão com um excelente porte físico: tinha um metro e noventa e cinco de altura e pesava noventa e oito quilos, e é claro que sua personalidade doentia e tenebrosa acompanhou seu crescimento. A loucura e a maldade Wesley Houffman não eram coisas deste mundo.

Eu nunca na minha vida ouvi falar ou sabia da existência desse sujeito, mas no final desta história o leitor saberá como "infelizmente" eu cruzei o seu caminho.

Segundo os boatos, a ideia de que o diabo falava com Houffman enraizou no seu cérebro - ele estava convicto que precisava ceifar a humanidade da terra para o reinado do seu senhor. E começou a cumprir sua missão executando a própria família!

Então, na calada da noite, numa hora erma e morta, enquanto todos dormiam - Wesley Houffman despertou transtornado com uma voz em seus ouvidos dizendo: "ceifar a humanidade! Ceifar a humanidade!".

Levantou-se da cama e saiu do quarto, cautelosamente, para não despertar a sua família e foi em direção ao porão. Lá, apanhou uma foice, e completamente fora de si, caminhou até o quarto de sua irmã Nicole, acendeu a luz, aproximou-se, lentamente do leito, chamou baixinho pelo nome dela, e quando a infeliz despertou - ele disse:

-Perdoe-me querida irmã, só estou cumprindo a vontade do meu senhor!

Quando Nicole Houffman se deu conta do terror que estava ao seu redor e tentou dar aquele grito pavoroso, entrecortado e estridente de vítima quando se vê acuada pelo assassino já era tarde demais! A lâmina da foice levantou-se bem alto e desceu de uma vez em direção a sua cabeça como se fosse uma guilhotina! E os lençóis da cama e as paredes do quarto brancos como marfim ficaram salpicados pelo sangue purpúreo de Nicole que jorrava da cabeça dela.

Em seguida Wesley Houffman deixou a seguinte mensagem na parede branca grifada com o sangue da irmã: "Ceifar a humanidade da terra para o reinado de Satanás".

Na sequência foi ao quarto de Rebeca e Wilson e repetiu o mesmo ritual. Acendeu a luz, aproximou-se, lentamente do leito, com a foice em punhos, chamou baixinho os nomes deles:- pai, mãe, - e no momento em que eles despertaram foram atacados inúmeras vezes com golpes de foice e uma sucessão de gritos horríveis suplicando ajuda ressonou pela mansão!

Em questão de segundos os lençóis da cama do casal estavam banhados de sangue e as vítimas estraçalhadas.

E, novamente, ele grifou uma frase na parede com o sangue deles dizendo: "eu cumpri a vontade do meu senhor!".

Depois - Wesley Houffman dirigiu-se ao sótão e lá fez um ritual macabro! Utilizou a foice para cortar a garganta e os pulsos, ofereceu sua vida para o diabo, e pediu a este que as almas de seus familiares e a dele perpetuassem na mansão para servirem ao seu senhor. E resvalou-se em sangue até expirar!

Os dias passaram e os vizinhos estranharam a ausência da família Houffman e o silêncio na mansão, desde a noite em que foram ouvidos aqueles gritos horríveis - ninguém mais na casa deu sinal de vida - despertara-se as suspeitas de um crime. Então acionaram a polícia e invadiram a casa.

Naturalmente, os policiais não tiveram dificuldades para encontrarem os corpos das vítimas, pois aos que já tiveram a desagradável experiência de ver de perto um cadáver humano em decomposição, - não preciso me dar ao trabalho de descrever o insuportável odor que se exala. E, é claro que o fedor de miasma impregnava toda a casa, mas com certeza, o que enregelou o sangue dos policiais e dos vizinhos não foi o mau cheiro dos corpos, e sim o estado em que os corpos foram encontrados, "assassinados a golpes de foice!". Isto sem falar das tenebrosas gravuras nas paredes brancas feitas com sangue das vítimas!

A autópsia e a perícia criminal constataram que Wesley Houffman se matou depois de ter estraçalhado a sua família a golpes de foice. É claro que aludiram o terrível crime ao comportamento doentio de Wesley Houffman. Como era de se supor especulou-se uma espécie de lenda ou maldição que Wesley Houffman teria matado a família e depois se matado cumprindo as supostas ordens que Satanás teria lhe dado.

A mansão foi lacrada, desde a descoberta dos crimes, e ninguém mais se atreveu a passar perto, tampouco, entrar na casa, - os móveis ficaram intactos no local, a residência foi abandonada, e é claro - o local foi dado como mal assombrado.

O leitor, com certeza, deve ter imaginado o terror - a força do impacto que esta tragédia causou à vizinhança, ao saberem que alguém foi capaz de exterminar a própria família e escrever frases tão horríveis como aquelas com o sangue dos próprios familiares, e em seguida dar cabo a própria vida dizendo ter cumprido a vontade do Diabo!

Éramos quatro aquela noite, - eu comandava os saqueadores. Há muito tempo eu espreitava aquele bairro, e aquela mansão despertou-me o interesse. Era uma bela mansão num bairro nobre, tranquilo e de pouco movimento.

Eu tinha certeza que lucraríamos muito com os possíveis objetos de valores que encontraríamos lá.

Era quase meia-noite e nós estávamos no quintal da casa, não havia cães de guarda e nem seguranças, - acreditamos que os donos tinham viajado e não tinha ninguém em casa.

Em nossas missões eu não permitia o uso de violência, nossas armas eram usadas por precaução e em última instância, pois nosso propósito era fazer o furto sem ferir ninguém e fugir sem deixar rastros.

Eu distribuí as ferramentas e equipamentos que utilizaríamos na operação - dei as armas aos meus homens com ordens expressas para serem utilizadas em último caso.

Arrombamos a porta principal e invadimos a casa, - dei ordens para que Kevin, Harry e Brandon vasculhassem cada canto da mansão e que pegassem tudo que encontrassem de valor o mais rápido possível, e assim foi feito. Os meus comparsas se espalharam pelos cômodos grandes da casa e desapareceram em meio à escuridão, guiados apenas pelos lumes das lanternas.

Quando me encontrei sozinho na sala tive a atenção despertada por um barulho de passos que ressonavam no meio da escuridão da sala. Acendi a lanterna e iluminei o local.

Então pude ver uma criança correndo em direção ao longo corredor da casa, e segui-a até chegar a uma porta que acreditei ser à entrada do porão da casa. Entrei, desci as escadas, iluminei e vasculhei cada canto do porão e não vi a criança, e tampouco, nenhum objeto de valor.

Quando já subia as escadas ouvi uma voz entrecortada e abafada de criança que me arrepiou os pêlos do corpo! Virei em direção àquela voz, lancei um flash de luz e vi a pequena criança em minha frente, aparentava ter uns doze anos de idade - eu pensei.

Perguntei seu nome e ela me respondeu:

- Meu nome é Nicole, pegue os seus amigos e fuja daqui, - o Wesley é muito mal, ele vai matá-los, assim como fez com o papai, a mamãe e comigo!

Quem é Wesley minha querida? Perguntei à menina.

- Ele é o meu irmão mais velho, - ele matou a mim e aos meus pais e depois se matou, os nossos corpos estão enterrados, mas nossos espíritos perpetuam aqui, este foi o acordo de Wesley com Satanás, - disse a menina - para o meu espanto.

Mesmo assustado com a história e o estranho aparecimento daquela pequena criatura, tentei aproximar-me da menina estendendo-lhe a mão com doçura. Mas ao me aproximar da estranha pequena fui tomado por extremo horror:

Nicole começou a se resvalar em sangue coagulado e a expurgar pus pela boca, olhos e nariz, e também notei um ferimento horrível em sua cabeça causado por algum instrumento cortante! E mais uma vez a criatura falou:

- Pegue os seus amigos e fuja! Fuja!...

E começou a se derreter em sangue e pus, e em pouco tempo sumiu das minhas vistas como se tivesse sido engolida pelo chão.

Fiquei aturdido com tal aparição e senti vontade de desaparecer daquele local, mas hesitei, levei em consideração o fato de não conhecer a casa e ter imaginado bobagens, ora, quem nunca teve a sensação de não estar sozinho quando se está sozinho num local desconhecido?

Subi as escadas para procurar meus comparsas, mas enquanto subia tive a impressão de ouvir passos atrás de mim, de estar sendo seguido, - olhei para trás e não vi ninguém.

Continuei subindo as escadas e ainda ouvia os passos, não olhei para trás, saí do porão e fechei a porta. Quando já me distanciava ouvi uma risada demoníaca provinda detrás da porta!

Saquei o revólver e me aproximei da porta. Quando toquei na maçaneta a porta se abriu bruscamente e fui lançado ao chão. Lancei um flash de luz em direção à porta e diante de mim, ereto, vi a imagem de um homem armado com uma foice que me aterrorizou!

O homem tinha um aspecto horrível, cadavérico, media mais ou menos dois metros - eu acho, havia ferimentos em torno do pescoço, e de seu olhar emanava a mais pura maldade!

O sujeito veio para cima de mim determinado a me matar, - lançou um golpe de foice que por sorte consegui me desviar, e me afastei do indivíduo. Disparei três tiros no miserável, mas parecia que não surtira efeito na vítima.

Então o sujeito desferiu outra foiçada, mas eu me esquivei e o golpe atingiu a porta e prendeu a lâmina da foice. Mas o elemento continuava a me atacar, e eu tentava reagir de todas as formas:

Batia e socava-o com socos e pontapés, mas parecia que ele não sentia dor. Então saquei uma faca e golpeei sua barriga, enterrando, com força, toda a lâmina até o cabo, porém não obtive resultado. O homem me olhava com deboche e não falava nada, parecia que a única coisa que lhe interessava mesmo era me matar.

Tentei golpeá-lo, novamente, no rosto, mas ele deteve o golpe com a mão, destroncou o meu pulso, me deu uma forte cabeçada, me suspendeu com os braços ao alto e me arremessou violentamente contra a parede. Sem dúvida um homem normal não possuía uma força sobrenatural daquela, ou melhor, o que era que me tinha atacado? - Pensei comigo.

Eu caí completamente ferido, tonto e desorientado. Embora estivesse escuro percebi que o homem não se encontrava mais ali, não ouvi mais nenhum barulho e nem sentia sua presença.

Peguei a lanterna, iluminei o local e não vi sinal do desgraçado, porém a marca da foice estava na porta, um sinal de que eu não sonhei e realmente havia sido atacado por aquele estranho sujeito.

Nesse momento, vários pensamentos passaram em minha mente, o que seria tudo aquilo, que mistérios envolviam aquela estranha mansão? E aquela imagem da pequena Nicole que eu vira? Seria este homem que me atacara, o irmão dela, - o tal Wesley Houffman? Ou melhor, o fantasma dele!?

Enfim, fiquei tomado não só pelo terror como também por sentimentos de dúvidas e inseguranças, aquilo não era um sonho ou uma alucinação. Será que Brandon, Kevin e Harry estão bem? "Perguntei a mim mesmo".

Caminhei poucas passadas, iluminando o caminho com a lanterna, ainda meio tonto com a violência do ataque sofrido. Então surgiram à minha frente duas imagens espectrais horríveis, putrefatas de um homem e de uma mulher.

Havia ferimentos e manchas de sangue nos corpos dos dois. Nesse instante, encarei-os paralisado pelo terror em meu corpo, sem mencionar uma única palavra.

Foi então que os espectros se apresentaram como Rebeca e Wilson Houffman, os pais de Nicole e Wesley Houffman. E, assim como Nicole - eles me contaram a mesma história e me fizeram à mesma advertência:

- Pegue os seus amigos e fuja daqui o mais rápido possível, ou o Wesley vai matá-los como fez conosco - você já viu do que ele é capaz e que nada e ninguém podem detê-lo - fuja! Fuja!

Quando me propus a dirigir-lhes uma única palavra ao casal Houffman tive a atenção despertada por um grito pavoroso vindo do andar de cima. E, quando novamente olhei em direção ao casal eles já tinham sumido, e eu continuava ouvindo os gritos:

-Socorro chefe, ajude-me, por favor!

Meu Deus é o Harry, - eu falei - correndo em direção à sala, chamando desesperadamente o seu nome: Harry! Harry! Harry!

Lá chegando ainda pude ver o pobre Harry sucumbindo na ponta da foice do maldito! Ele havia cortado a garganta do meu amigo e segurava-o pelos cabelos da nuca enquanto suspendia-o com a ponta da foice atravessada pelas costas até sair pela frente do estômago!

Largue-o seu miserável, - eu gritei.

E o sujeito lançou Harry escada abaixo aos meus pés, - de súbito um sentimento de vingança apoderou-se de mim, e num impulso frenético, saquei a faca, arremessei contra o sujeito e o atingi entre o peito, mas o miserável nada sentiu, deu as costas e saiu andando. O pobre Harry agonizava aos meus pés e ainda falou comigo:

-Fuja chefe! Fuja chefe! Aquele cara é horrível, - ele matou o Kevin e o Brandon com uma foice e gravou umas frases estranhas na parede com o sangue deles!

Nesse instante olhei para cima e o sujeito não estava lá, havia sumido. Então tentei reanimar o meu amigo sacudindo-o: Harry! Harry! Resista! E ele continuou a falar nos seus últimos suspiros:

- A garotinha!... A garotinha - a Nicole! Ela apareceu diante de nós e nos contou toda a história, - ela disse que seu irmão se matou depois de ter assassinado toda a família cumprindo as ordens de Satanás!

- Mas que as almas deles permaneciam nesta casa, - eles estão mortos, são espíritos penitentes. Nós atiramos nele e ele não sentiu nada, - ele os matou! Ele os matou!

- A menina mandou nós fugirmos! Vamos fuja! Fuja! E calou-se com os olhos arregalados.

Harry!... Harry!...- Gritei seu nome em vão sem obter resposta.

Miserável! Exclamei. Tudo que o Harry falou era verdade, - eu vi a menina, o sujeito me atacou, os fantasmas dos pais deles apareceram diante de mim e o Harry estava morto à minha frente!

Peguei a pistola do cadáver de Harry, mas estava descarregada, então apanhei sua faca e subi as escadas iluminando com a lanterna.

Confesso que subi até os quartos à procura de Kevin e Brandon com medo de minha própria sombra, mas queria ter certeza de que eles estavam mortos como Harry, e se possível vingar as suas mortes.

Pelo corredor percebi a porta de um único dormitório entreaberta e entrei. Acendi a luz e fiquei imóvel de terror!

Os corpos de Kevin e Brandon haviam sido estraçalhados com a foice, e ao que pareceu eles não morreram sem lutar. E o que mais me chocou foi quando me aproximei da parede do quarto branca, e vi grifada com o sangue de meus companheiros as seguintes frases:

"Eu sou o anjo enviado para ceifar a humanidade da terra para o reinado de Lúcifer".

"Eu cumpri a vontade do meu senhor".

"Esta é a maldição que atormenta a família Houffman".


Quando li aquelas frases foi impossível controlar o meu temor, nunca na vida tinha experimentado tamanha sensação. Comecei a girar em torno de mim mesmo como num instinto de defesa.

De súbito, aparece em minha frente a imagem da pequena Nicole, dizendo:

-Acredita em mim agora, os seus amigos estão mortos, e se o senhor não sair daqui, o Wesley virá pega-lo,- vamos, não é tarde - ele está no porão ouvindo as novas instruções de seu mentor.

-Fuja!Fuja! Insistiu a garotinha.

Nessa altura, eu já nem sabia direito o que estava fazendo, a única coisa que me interessava naquele momento era salvar a minha vida.

Procurei por Nicole por mais um instante e não a vi, ela simplesmente sumira outra vez.

Debandei apavorado do quarto em que estava deixando para trás meus companheiros mortos, e a cada canto percorrido em direção à saída daquela maldita casa parecia se tornar cada vez mais longe. Quando já descia a escada em direção à sala, ouvi a mesma gargalhada demoníaca que escutara no porão assim que entramos na casa.

Eu podia ver a saída, - a porta aberta para a minha liberdade, mas tropecei no carpete da sala. Então, comecei a ouvir atrás de mim umas risadas sussurrantes e pisadas se aproximando!

Apavorado, - levantei-me e continuei a correr em direção a porta. Faltava pouco para escapar, de repente, a porta se fechou, e eu não consegui abri-la, estava preso.

E continuei ouvindo os passos e a gargalhada sussurrante, porém não distinguia de que lados vinham. Foi quando o meu terror falou mais alto, e eu corri em direção a janela e me atirei sem pensar para fora da casa, estilhaçando o vidro da janela.

Cruzei o quintal correndo como uma lebre fugindo do lobo, e quando já estava em cima do muro olhei para a casa e vi o terrível Wesley Houffman com sua foice em punhos e o rosto desfigurado zombando do meu terror.

Naquela madrugada fugi de lá como se fugisse de alguma praga, nem sei como consegui chegar ao nosso esconderijo, me tranquei apavorado, assustando-me até com o barulho do vento. O que era aquilo meu Deus?... O que era aquilo meu Deus?... Perguntava comigo tentando encontrar alguma lógica pelos fatos.

Passados alguns dias deste acontecido ouvi rumores na cidade de que três corpos não identificados de possíveis saqueadores foram encontrados estraçalhados na mansão Houffman, novamente, no meio da madrugada ouviram-se gritos dentro da casa e a suspeita de outro crime despertara-se no local e, outra vez, acionaram a polícia para uma investigação. E da mesma forma que Wesley Houffman matou a sua família e depois se matou, deixou as paredes do quarto grifadas com as mesmas frases feitas com o sangue das vítimas. A dúvida da polícia e o mistério a ser investigado era descobrir o assassino, pois, embora o crime tenha sido da mesma natureza não poderia ter sido cometido por Wesley Houffman , já que ele estava morto. Embora alguns vizinhos tenham afirmado terem visto um vulto com uma foice em punhos andando através da janela da mansão, ou de estarem sendo observados pelos espíritos de uma criança e de um casal que aludiram serem Nicole, Rebeca e Wilson Houffman.

Foi então que eu descobri que naquela noite nós cometemos a tolice de tentarmos saquear a casa de ninguém mais que Wesley Houffman ,- e eu tive a sorte de escapar com vida de lá, e mesmo com medo poder contar esta assustadora e doentia história para vós.

A mansão continua lá abandonada, mas por nada deste mundo eu volto a colocar os meus pés naquele local, - pode ser que da próxima vez eu não tenha a mesma sorte, e quem sabe se o espírito da pequena Nicole não foi o meu anjo da guarda que me salvou.

Deus tenha misericórdia da minha pobre alma!

(Agosto de 2008)

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