Ela entrou no seu mundo, quebrou a inocência, despertou o seu amor, doce
e cautelosa, calma e carinhosa.
Ele estava só. À parte, refugiado no conhecimento, rodeando-se
de tecnologia, como uma barreira de espinhos impedindo a passagem de sentimentos,
o seu coração mascarado de pedra, as feridas ainda vertendo sangue
sob esse logro manufacturado.
Mas as defesas, perante Ela, caíram, desfeitas, rasgadas... A visão
do amor alcançou-o, e, renascido, o seu coração acordou,
sentiu-a, um raio de sol, o calor, a sua voz iluminando-o, fazendo-o esquecer
as memórias de outros tempos, de outras alturas...
A solidão que o assolava, não sabendo de onde nem porquê
tal inimigo mortal o rodeava, gelado e eterno, o abraço da morte que
lhe parecia favorável, foi depressa posto para trás, afastado,
derrotado...
A sua mente pulsa, criando pensamentos sobre Ela, a ansiedade aumentando a
cada dia que passa, o desejo e o amor e a paixão expandindo-se em direcções
inimagináveis, os pequenos problemas e desentendimentos do dia a dia
esbatidos ao fundo, sem sentido, para sempre ignorados, agora que a felicidade
o alcança, quando a esperança é recompensada, e o amor
é consumado.